A Sala de Cinema Ulysses Geremia recebe o filme brasileiro “Propriedade”, que tem direção do pernambucano Daniel Bandeira, a partir desta quinta-feira (11/01).Trata-se de uma substituição após problemas técnicos que impediram a exibição de "Minha Irmã e Eu', previsto inicialmente para o período.
Haverá sessões até 21 de janeiro, de quintas a domingos, às 17h30min. No dia 17 de janeiro haverá sessão extra, às 19h30min. Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Nas quintas-feiras, o público em geral pode usufruir do valor promocional de R$ 10, que seguirá até o final de março.Classificação 16+.
Confira abaixo crítica de Ticiano Osório, editor e colunista de GZH, sobre o filme:
O segundo longa-metragem do realizador de Amigos de Risco (2007) começa em Recife, onde a rica estilista Teresa (Malu Galli, em ótima atuação, calcada no olhar e no físico) ainda se recupera de um episódio de violência urbana. Seu marido (Tavinho Teixeira) propõe passar uns dias na fazenda da família, para onde vão a bordo de um carro novo, todo blindado. Chegando lá, o casal depara com uma revolta dos empregados — que trabalham sob condições análogas à escravidão e agora correm o risco de serem despejados, já que o local deve ser transformado em um empreendimento turístico. O único refúgio é o interior do veículo, onde o vidro separa dois mundos.
Fã dos gêneros do suspense e do terror, o diretor e roteirista pernambucano Bandeira disse que deu início a Propriedade como um exercício formal sobre enclausuramento, mas acrescentou contornos político ao perceber a polarização do Brasil a partir da primeira eleição de Dilma Rousseff para a Presidência, em 2010. "É uma espécie de cautionary tale", ele afirmou em entrevistas: "Se não começarmos a se entender, a conversar, a fazer concessões para o outro, vamos chegar a uma situação de não retorno. A incomunicabilidade é o motor da nossa tragédia". O filme também é polarizador: o espectador ficará ao lado da protagonista traumatizada e acuada, mas que individualiza uma elite que se apoia na desigualdade social, na exploração da mão de obra e na falta de empatia? Ou o público vai compactuar com as práticas violentas — que incluem tortura — de um coletivo que luta por posse da terra, pagamento justo e liberdade? As contradições ampliam o impacto e a ressonância da história.