O olfato e o paladar são convocados para desbravar as características e os potenciais das madeiras brasileiras em uma experiência sensorial oferecida pela Vinícola Arteviva de Bento Gonçalves. Além de degustar a bebida, maturada em barris feitos a partir de amburana, bálsamo e cabreúva, o visitante pode vivenciar e compreender mais sobre o trabalho de um enólogo, criando o próprio vinho com as variedades que mais agradarem os seus sentidos.
A experiência inicia com a degustação e uma breve explicação sobre os vinhos armazenados por 20 meses em barricas construídas nas três madeiras brasileiras e também em carvalho francês. As madeiras, segundo o enólogo Giovanni Ferrari, à frente da Arteviva, contribuem, por exemplo, para potencializar o aroma de cada vinho.
— O Brasil é rico em madeiras e tipos de solo. Temos que sentir orgulho e difundir. É uma ferramenta fantástica que dá equilíbrio aromático, diversidade e identidade brasileira para a bebida. Tiramos o consumidor do óbvio — ressalta Giovanni.
Quem vive a experiência é livre e incentivado a fazer o próprio vinho de acordo com as preferências de aroma e sabor, diferentemente de um enólogo, que teria que levar em conta outras características para tornar a bebida com potencial para comercialização.
— Aqui, o que importa é o teu gosto pessoal. A variedade que mais chamou a atenção indico que seja a espinha dorsal do teu vinho, ou seja, o que vai ter mais concentração, mais porcentagem. Aí, então, vamos trabalhar a complexidade envolta deste vinho (inserindo as outras variedades da bebida) — aconselha o enólogo.
A mistura inicial é feita em uma taça. Após, é hora de fazer a preparação que vai para a garrafa. O visitante participa de todas as etapas e é, então, convidado a se servir das amostras diretamente das torneiras das barricas. Com a garrafa cheia, parte-se para a inserção da rolha, feita em uma máquina apropriada para isso. O acabamento, também com a participação do visitante, é feito com a cera quente. Por fim, basta colocar o rótulo e escolher um nome para a bebida que será levada para casa.
A experiência dura cerca de uma hora e é recomendada para grupos de até 15 pessoas.
Programe-se
- O quê: Experiência Madeiras Brasileiras na Vinícola Arteviva.
- Onde: Linha São Pedro, 195, Distrito de São Pedro, nos Caminhos de Pedra.
- Quanto: R$ 300, por pessoa, com reserva disponível na plataforma Wine Locals.
- Duração: cerca de uma hora.
- Fique atento: menores de idade podem assistir, mas não podem participar da experiência.
- Mais informações: (54) 99912-2249.
Barris são produzidos em Monte Belo do Sul
Em Monte Belo do Sul, a família Mesacaza mantém uma tradição quase em desuso na Serra gaúcha: a fabricação e reforma de barris em madeira para armazenamento de bebidas como vinho, cachaça e outros destilados. É da tanoaria de Eugênio e Mauro Mesacaza, pai e filho, respectivamente, que vem as barricas utilizadas pelo enólogo Giovanni Ferrari, em Bento Gonçalves.
A empresa familiar produz cerca de 30 barris novos de madeira e realiza 60 consertos por semana, sendo que há demanda de outros estados brasileiros e também do mercado internacional, para países como Estados Unidos, França, Escócia e Irlanda — para armazenamento principalmente de conhaque e uísque. A equipe conta seis pessoas e a matéria-prima, devidamente certificada, permanece secando por até dois anos ao ar livre antes de ser usada na linha de produção da tanoaria.
Mauro entende que, embora muito utilizada no passado, a maturação de vinho em barricas de madeira brasileira ainda é, hoje, cercada de muitos "preconceitos".
— Muita gente colocava a culpa da baixa qualidade do vinho na madeira, mas era em função dos conhecimentos e condições da vinificação da época. Hoje, eu defendo que uma das principais ideias de usar a madeira brasileira é trazer uma identidade do nosso país ao vinho. O pessoal tem que se abrir ao novo — defende Mauro, que faz barris de amburana, bálsamo, cabreúva, castenheira, acácia, entre outras, para a bebida mais popular da Serra.
Acompanhe a fabricação de barris
A Tanoaria Mesacaza também abre para visitantes, com agendamento prévio, de quarta-feira a sábado. É possível conhecer todos os processos que envolvem a fabricação de barris e tinas de madeira. O custo é de R$ 40 por pessoa e a duração do passeio guiado é de uma hora.
Mais informações pelo WhatsApp (54) 3457-1001.