Cultura e Lazer

FESTA BLUESEIRA
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Reencontros e mistura de ritmos marcam a abertura do 14º Mississippi Delta Blues Festival, em Caxias

Festival segue até sábado no Parque da Festa da Uva, com mais de 20 shows espalhados por cinco palcos

Porthus Junior / Agencia RBS
Gisa Londero, cantora caxiense, comandou o projeto Minuano Wind, que agregou o nativismo ao blues no High Chaparral Stage

É apenas o segundo ano após uma longa trajetória construída no Largo da Estação Férrea, mas parece que os aficionados pelo blues já adotaram o Parque da Festa da Uva como casa para o Mississippi Delta Blues Festival, que nesta quinta-feira deu início à sua 14ª edição. O evento seguirá até sábado, com mais de 20 atrações espalhadas por quatro palcos a partir das 18h30min. 

Com parte da estrutura montada nas réplicas e no jardim do Parque, a previsão de chuva para forçou a organização a montar o palco principal e a praça de alimentação no Pavilhão 1, a fim de oferecer ao público um local seguro para se abrigar. A chuva só chegou por volta das 22h, mas a decisão se mostrou acertada, pois os fãs puderam curtir sem se preocupar com as intempéries climáticas não apenas o palco principal, mas também o inovador High Chaparral Stage. Foi este palco, decorado com uma grande bandeira do Rio Grande do Sul, que rendeu alguns dos melhores momentos da noite inaugural do 14º  MDBF.

Porthus Junior / Agencia RBS
Maurício Sahady, guitarrista carioca, abriu os trabalhos no palco principal, acompanhado dos catarinenses da The Headcutters

É verdade que os shows do High Chaparral Stage não faziam lembrar imediatamente um festival blueseiro, devido à proposta de misturar ali vertentes de música de raiz saídas tanto do Sul dos EUA, com o blues, quanto dos rincões mais longínquos da América do Sul, representados pelo chamamé, pela milonga e pelo tango. Quem abriu os trabalhos foi o projeto Minuano Wind, que teve a banda blueseira da cantora Gisa Londero acompanhada do mestre do nativismo Valdir Verona e de um talentoso casal de sapateadores, aproximando o MDBF das invernadas gauchescas. No repertório, Mercedita e Ain't No Sunshine (When She's Gone) pareciam pertencer a uma mesma vertente sonora, graças a intensidade colocada pela banda ao apresentar estes dois clássicos de dois mundos distintos, mas com muito em comum.

Pelo mesmo palco ainda passaria em dois sets o quarteto Yangos, levando ao público a mistura instrumental que faz parecer que a música paira num mundo alheio a qualquer fronteira, e que toda contribuição étnica é bem-vinda e nenhuma restrição se sobrepõe por mera imposição. Música boa é música boa em qualquer lugar e em qualquer palco, parece ter sido a mensagem captada por um público que talvez nem esperasse essa proposta tão diferente.

No palco principal, onde o telão exibia repetidas imagens do guitarrista B.B King - grande homenageado desta edição que ocorre em parceria com o museu que preserva seu legado nos EUA - não faltaram clássicos para relembrar o repertório imortalizado pelo pai da "Lucille".  O guitarrista carioca Maurício Sahady, acompanhado da banda catarinense The Headcutters, mandou de cara a icônica "The Ghetto Woman", quando o público ainda estava longe de ser definitivo nos Pavilhões. A atração seguinte, o guitarrista curitibano Décio Caetano, trouxe em seu show a balada "How Blue Can You Get" e o standard "Everyday I Have The Blues", num show que do início ao fim foi marcado por participações especiais: teve o guitarrista paulista Fred Sunwalk, o cantor carioca Álamo Leal, o gaitista gaúcho Andy Boy, entre outros. E, acompanhando essa turma toda, estavam os caxienses Lucas Chini, no baixo, e Mateus Bicca, na bateria, além da pianista Mari Kerber, de Novo Hamburgo.

Para apresentar os shows do palco principal, a organização convidou a radialista Flávia Vidor,  que antes de cada atração trazia informações para contribuir com o conhecimento sobre cada artista escalado para o palco principal. Antes de anunciar o primeiro show, Flávia chamou ao palco o idealizador do MDBF, Toyo Bagoso, que ressaltou o fato do festival de blues já ter se tornado uma grande comunidade de adoradores do gênero:

- É um festival onde ídolos se tornam amigos, e os amigos ganham tal visibilidade que se toram ainda mais ídolos - comentou o caxiense.

Porthus Junior / Agencia RBS
A tecladista Mari Kerber acompanhou, no palco principal, a banda de Décio Caetano e também a cantora norte-americana Rachel Fields

Encerrando a noite, os porto-alegrenses do Ale Ravanello Blues Combo acompanharam a cantora norte-americana Rachel Fields, que trouxe um show baseado no country e no folk, fazendo jus à tradição do MDBF de oferecer seu horário nobre na primeira noite a algum gênero umbilicalmente ligado ao blues, mas que corra um caminho paralelo.

A primeira noite do 14º MDBF levou novamente ao Parque da Festa da Uva o público mais fiel ao evento que é uma espécie de carnaval para os aficionados do blues, sem que se possa ter claramente a ideia sobre o que funcionou e o que poderia ter sido melhor em relação a outros anos. Não é sobre comparar, mas sim sobre se divertir diante do que o evento apresenta, e parece que a noite entregou aquilo que se esperava: boa música, bom entretenimento, bons encontros para a comunidade construída ao redor do gosto pela música nascida no Sul dos Estados Unidos.

O 14º MDBF segue até sábado, com atrações com a cantora Claudette ing, filha caçula de B.B. King, o baterista Tony Coleman, baterista que acompanhou B.B. King por mais de 25 anos ao redor do mundo, além de nomes de destaque do blues nacional, como o guitarrista gaúcho Fernando Noronha e sua banda Black Soul. 

Os portões abrem sempre às 18h, e os shows começam às 18h30min. Ingressos à venda pelo site do festival.



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