Após 17 dias em que a Praça Dante Alighieri esteve entregue à literatura, chegou ao fim ontem a 38ª Feira do Livro de Caxias do Sul. O evento foi celebrado pelos livreiros, que destacaram a boa presença e o engajamento do público, o que também se traduziu em boas vendas, de acordo com os relatos colhidos em cada banca. Até o início da noite, a organização ainda não havia divulgado o número total de livros vendidos. De acordo com o último balanço, divulgado na sábado, 26,5 mil exemplares haviam sido comercializados e mais de 100 mil pessoas haviam passado pelo evento. No ano passado foram 30 mil livros vendidos em toda a 37ª edição da Feira – número que deve ser pelo menos igualado.
A patrona da 38ª edição, a escritora Maya Falks, vivenciou o último dia bem como os 16 anteriores, entregue à experiência de ser protagonista da Feira. Acompanhada pela mãe, Lilia Falkenbach, que recebeu da organização o carinhoso apelido de “mãetrona”, Maya visitou as bancas, prestigiou as apresentações culturais e autografou exemplares do seu livro mais recente, Pátria, lançado em junho deste ano.
– A gente não tem a dimensão exata até viver esse tipo de experiência. Eu tinha a ideia de que seria muito intenso, mas foi ainda mais poderoso do que eu imaginava. Vi o sucesso da feira pela reação das pessoas. Foi um evento muito bem planejado, muito elogiado pelos autores que vieram, uma opinião generalizada que foi verbalizada, mas que também estava visível nos rostos das pessoas. Foi uma Feira de retomada, de renovação com o olhar para o fim da pandemia, e de muito afeto entre as pessoas – destacou a escritora, que inovou ao criar o programete diário “Na Feira com a Patrona”, para as redes sociais do evento.
A presidente da Associação dos Livreiros de Caxias do Sul (Alca), uma das entidades envolvidas na organização do evento, Maria Helena Lacava, fez uma avaliação positiva do evento, que este ano teve número de bancas reduzidas, por estar restrito a livrarias e editoras locais:
– Foi além das nossas expectativas. Com o abrandamento da pandemia o público compareceu em grande número. Para os próximos anos a gente ainda vive a incógnita de como estará a economia e do respaldo que a prefeitura poderá dar para saber como será o evento. Se voltará a um tamanho maior, se colegas de fora poderão ter um aporte maior para participar, devido ao custo maior que eles têm. Mas não temos do que nos queixar, foi um evento lindo e que já nos deixa com a cabeça na próxima edição.
Uma das responsáveis pela banca da Sociedade Espírita Bezerra de Menezes, Clementina Maria Berno ressaltou o papel da Feira para além do comércio ao avaliar, também positivamente, o evento:
– Ainda não é uma Feira que a gente possa comparar com as que ocorriam antes da pandemia, mas conseguimos cumprir com o objetivo de proporcionar ao público uma interação com os livros e de ajudar a formar novos leitores.
Além de passear pelas bancas e aproveitar os descontos, o público que prestigiou o último dia da Feira pôde curtir a apresentação do Coro Municipal de Caxias do Sul. Sob a regência do maestro Arthur Stockmans Teixeira, o grupo interpretou clássicos da música popular brasileira, como Refazenda, de Gilberto Gil, Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, Rosa de Hiroshima, de Ney Matogrosso, e Eu Sei Que Vou te Amar, de Vinicius de Moraes e Tom Jobim. Um banho de cultura brasileira que renova a esperança em meio a tempos difíceis.