O que nos leva a gostar de uma cidade? Será a longa teia de amizades construída com o passar do tempo? Ou a beleza registrada na convivência com seus habitantes? Paris sem os nossos amigos tem seu encanto diminuído. Pode agradar ao passante, mas não aos interessados no cálido abraço a nos redimir das horas vazias. Cada um constrói uma espécie de reserva de afeto e a distribui aos mais próximos. Para isso é preciso tempo, convivência e intenção poética de nutrir-se do que nos cerca. Ou talvez um pouco mais: a capacidade de reconhecer só ser possível minimizar a solidão que nos ronda quando aprendemos a amar o nosso destino com todas as suas vicissitudes. Pouco importa se estamos imersos nos mil ruídos de uma cidade ou no silêncio maduro de um acanhado sítio. É a significação dada ao lugar, como numa espécie de mágica inaugurando a alegria e o sentimento da gratidão.
Olhares sobre a cidade #5
Notícia
Gilmar Marcílio: geografia amorosa
Inúmeras vezes me perguntei: quais são as razões para gostar tanto desse lugar em que me reconheço desde sempre?
Gilmar Marcílio
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