A Galeria de Artes do Centro de Cultura Ordovás, em Caxias do Sul, recebe a primeira exposição individual do artista visual caxiense Matheus Montanari. Paisagens algorítmicas: ecologias de um mundo em ruínas inaugura nesta sexta-feira, com uma visita guiada conduzida pelo artista, a partir das 18h30min.
Trata-se de um trabalho tão criativo quando ousado, que mistura arte, tecnologia e pesquisa acadêmica desenvolvida por Matheus, que é doutorando na Universidade de São Paulo e no Laboratório de Antropologia Multimídia da University College London.
São três obras distintas, segundo Matheus. Na primeira, Matheus utilizou um sistema de algoritmos para criar paisagens a partir de caminhadas por Caxias do Sul e Paris. O sistema tecnológico identifica os pontos mais parecidos entre as imagens captadas nas duas cidades, criando as chamadas “paisagens algorítmicas”;
– É uma investigação das dimensões da paisagem, em que ela própria é a ação, e não um pano de fundo. Para essa performance utilizei dois algoritmos, que são o de sugestão de rotas do GPS e o de sugestão de músicas do Spotify, subvertendo as suas funções – explica.
Na segunda obra, Matheus faz um paralelo do cultivo de uma mesma espécie em dois solos e duas culturas diferentes.
– O eucalipto é a árvore mais plantada no Brasil atualmente, apesar da sua origem australiana. Aqui ela foi introduzida numa lógica extrativista, que gera os chamados “desertos verdes”, com consequências muito danosas para os povos originários, enquanto na Austrália se dá o oposto. Por ser a mata nativa local, é considerada uma espécie sagrada – comenta.
Por fim, no terceiro trabalho, Matheus pega Xangri-Lá a partir de três olhares: o da praia gaúcha, o do país homônimo e fictício criado pelo escritor James Hilton no romance Horizonte Perdido (que inspirou a xará gaúcha), e o Parque Nacional Yosemite, na Califórnia, onde alpinistas afirmaram ter encontrado a o lugar utópico de Hilton:
– São lugares com características visuais muito diferentes, e eu uso um algoritmo que tenta recriar imagens de uma mesma paisagem em diferentes estações do ano, mas com parâmetros o inverno norte-americano. Aplicado à Xangri-Lá gaúcha, isso nos dá algumas imagens oníricas, que também mostram como pode dar errado uma tecnologia que não leva em conta aspectos locais.
A exposição pode ser conferida até o dia 10 de abril. Também é possível fazer a visitação virtual, pela plataforma da Unidade de Artes Visuais: https://sites.google.com/view/uavdigital.
Programe-se
O quê: exposição "Paisagens algorítmicas: ecologias de um mundo em ruínas"
Quando: até 10 de abril. Visitação segunda, das 9h às 16h; terça a sexta, das 9h às 22h; finais de semana, das 16h às 22h.
Onde: Galeria de Artes do Centro de Cultura Ordovás.
Quanto: visitação gratuita