O clima colonial, característico da Festa da Uva, abriu espaço à balada de música eletrônica com jeito internacional na noite desta sexta-feira (4), em Caxias do Sul. Arquibancadas, pistas e camarotes praticamente lotados (15 mil pessoas) aguardavam um dos DJs mais badalados do mundo, provavelmente a atração mais cosmopolita que a festa já viu.
O relógio marcava 23h quando as luzes se apagaram para marcar o encontro entre Alok e o público da Serra. Depois de um breve vídeo de abertura exibido nos telões, Alok deu boa noite ao público já soltando um de seus maiores sucessos Alive (It Feels Like). Bastou os primeiros segundos da música para a euforia tomar conta do público.
— Só para avisar a vocês que hoje eu vim para bagunçar — adiantou o DJ.
Animando o público com frases de efeito como "tira o pé do chão" ou "faz barulho aí", Alok não deixaria a energia cair durante as duas horas seguintes, desfilando sucessos que revelam a razão de ser considerado um dos maiores nomes da música eletrônica no mundo. O set do DJ é familiar até mesmo para quem não conhece nada do gênero, tamanha a popularidade de suas criações ao lado de inúmeros parceiros ao redor do mundo.
Além das canções que ficaram famosas com a assinatura de seu nome, como Hear Me Now, Wherever You Go ou Don't Say Goodbye, o DJ também investe em bloquinhos com clássicos revisitados por ele. Entre as faixas que escolheu mixar estão sucessos como Psycho Killer, do Talking Heads; What's Up?, do 4 Non Blondes; Wonderwall, do Oasis; Somebody That I Used To Know, de Gotye; Beggin, do Madcon; e Otherside, dos Red Hot Chili Peppers. Até mesmo Adele, Guns'n Roses e Queen foram lembrados no repertório do artista. Também teve música brasileira, com versões de hits como Descobridor dos Sete Mares e Anunciação. Já Um Ratito, faixa que Alok gravou em parceria com Juliette Freire e Luis Fonsi e está no centro de uma polêmica envolvendo uma denúncia de plágio, não integrou o show.
Um dos momentos mais especiais da apresentação de Alok em Caxias foi a presença do cantor Ixã, que entrou no palco para entoar o single Meu Amor. Alok contou ao público que conheceu o garoto enquanto fazia pesquisas para o seu próximo álbum, inspirado pela cultura indígena. O mais especial é que a primeira vez que a canção foi mostrada ao vivo num show foi justamente em Caxias.
— Não poderia ter tido uma festa melhor para estrear este trabalho tão incrível — disse o DJ.
Alok contou ao público que está preparando um documentário para uma plataforma de streaming (não revelou qual) e que várias imagens feitas durante o show em Caxias devem integrar essa produção. Já ao final de sua apresentação, o artista saiu de trás de sua mesa de trabalho e caminhou pela plataforma que avança em direção ao público pela primeira vez na noite para mostrar outra faixa que deve estar em seu próximo lançamento, inspirado na cultura indígena.
— Tudo que estamos fazendo aqui vai ficar registrado e documentado para sempre. Vamos fazer bonito — convidou.
Já chegando ao final do show, à 1h deste sábado (5), Alok avisou que estava ao vivo "para todo o mundo" no Instagram e, enrolado na bandeira do Rio Grande do Sul, incluiu o público de Caxias numa selfie para posteridade.
Animação até o fim
O público de Caxias demonstrou animação do início até o fim da apresentação de Alok, respondendo a todos os estímulos do DJ (fosse com dança, cantoria ou até coreografia com celular para acima e para baixo). Antes mesmo do show começar, Leonice Glowacki e Lucas Ribeiro, ambos de 22 anos, já estavam com a expectativa lá em cima.
— Comecei a escutar música eletrônica não faz muito tempo, mas quando descobri que as músicas que gostava eram de um DJ brasileiro fiquei muito impressionado. O Alok é incrível, um dos DJs top 5 do mundo. Tô muito empolgado , conheço todas as músicas — justificou Lucas.
O público da apresentação tinha representantes de praticamente todas as faixas etárias. Incluindo as crianças, que representam uma parcela expressiva de fãs do DJ. Emanuelle de Souza Zan é uma delas e escolheu o ingresso do show em Caxias como presente de seu aniversário de oito anos, que serás no próximo dia 11. Já Maria Clara Ribeiro, 10 anos, curtiu o show empolgadíssima enquanto os pais trabalhavam como garçons durante o espetáculo.
— Eu gosto das batidas — contou ela, sobre a música de Alok.