Provocante e questionadora, a obra da artista visual Marina Luísa Almeida toca em pontos sensíveis da sociedade, em especial para sua parcela mais conservadora: a objetificação do corpo, a aceitação de corpos não-binários (masculino ou feminino), a repressão à expressão da sexualidade, entre outros. Ao mesmo tempo, são pinturas que demonstram enorme capacidade de afeto, como que para abraçar os que a sociedade afasta. Na exposição Obras Aleatórias de uma Pandemia: exposições imprevistas, instalada na Galeria de Exposições do Centro de Cultura Ordovás, o visitante pode perceber como essas temáticas vêm à tona na mente e nas mãos criativas de Marina, especialmente no período de isolamento social.
– Meus trabalhos abordam bastante figuras corpóreas diversas, com o intuito de retratar sensações, sentimentos e dramas, em especial as inquietações que todos estamos vivendo nesta pandemia. Encontra-se também muito erotismo, algo que logo fisga o olhar. Para esta exposição trago também uma pequena série chamada “Disforia de Gênero”, em que abordo questões relacionadas ao universo Tt (travestis e transexuais), como o uso de estrógenos e a aceitação ou não do corpo – destaca Marina.
Maranhense radicada em Caxias do Sul, Marina tem 28 anos, é mulher trans, graduada em Moda. Na arte, encontra no expressionismo e no surrealismo as estéticas que melhor acolhem suas criações, utilizando técnicas como aquarela, nanquim, grafite, tintas acrílicas ou óleo.
– Desde criança admirava Frida Kahlo, e quando me vi artista as pessoas começaram a perceber essa influência dela no meu trabalho. Depois passei a me identificar com outros artistas, como René Magritte, Rafal Olbinski, Remedios Varo, e deles vieram minha paixão pelo surrealismo. A influência expressionista surge pelo fato de minhas produções serem viscerais, sensíveis e também violentas – reflete.
Com curadoria de Mona Carvalho, a mostra reúne 29 obras, em suportes como telas, papel, papelão e MDF. Também há uma pintura sobre uma tábua de carne. Além da visitação presencial (atendendo às normas de segurança sanitária) até 13 de dezembro, o público também pode conferir virtualmente, pela plataforma digital da Unidade de Artes Visuais.
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