Na noite anterior à entrevista, Maya Falks tinha lido três livros. Todos originais de poesia, por isso leituras um pouco mais rápidas, porém não menos atentas, uma vez que a razão é profissional: o parecer de leitura crítica é só um dos trabalhos que a escritora e jornalista caxiense abraça no Escritório Literário (@escritorio.literario), serviço que iniciou há pouco mais de um mês, em home-office.
A consultoria junto a novos autores e editoras foi uma forma de amenizar a perda de "frilas" jornalísticos durante a pandemia, capitalizando alguns trabalhos que Maya já fazia, como resenhas e oficinas, e agregando novas iniciativas, como a mentoria a novos escritores. Por não se sentir tão à vontade por cobrar de artistas que também atravessam momento difícil, concentra as resenhas gratuitas no blog Bibliofilia Cotidiana, voltado para a literatura brasileira contemporânea.
_ O blog deu muito certo, tanto que tenho aqui uma fila de mais de 100 livros para resenhar. Quando a situação financeira apertou, recebi a sugestão de cobrar pelas resenhas, mas não via sentido em cobrar num espaço voltado à boa literatura, e não à literatura paga. Pensando nisso e em outras atividades que eu fazia e o público, autores e editoras gostavam, decidi reunir tudo isso no Escritório Literário. E, desde então, se tem uma coisa que eu não fico é parada _ comemora.
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As atividades de consultoria disputam espaço na agenda com a própria carreira literária e com a faculdade de Letras, que Maya cursa em EAD. Com tantas atividades, o desafio é manter a saúde mental em dia. A escritora, que em 2018 viveu um grave episódio de depressão, ainda vive "na corda bamba", segundo as próprias palavras. Com as consultas psiquiátricas pelo SUS suspensas durante o isolamento social, a atenção às emoções têm sido redobrada:
_ É uma situação complicada, uma vez que o tratamento com remédios tem como objetivo "frear" o cérebro, e minha vida se realiza em torno da criatividade, de novos projetos. Prefiro ficar na corda bamba do que ficar catatônica. É algo que ainda preciso alinhar com meu psiquiatra. Um desafio tem sido equilibrar o tempo para meus projetos pessoais com o trabalho junto aos clientes, porque para quem tem histórico depressivo, a exaustão é muito perigosa.
No próximo dia 29 de julho, mesma data em que irá completar 38 anos, Maya Falks fará o lançamento online do seu novo romance, Santuário, sucessor de Histórias de Minha Morte (2017). O livro sairá pela editora recém-criada editora Macabéa, do Rio de Janeiro. Na obra, Maya cria uma cidade fictícia, que dá nome ao livro, onde se desenrolam e se entrelaçam histórias cotidianas marcadas por acontecimentos recentes da vida real do país.
- É uma história que se passa numa cidade muito pequena, cuja inspiração, embora inconsciente, veio da Santana do Agreste da novela Tieta (1990), que assisti na infância e me marcou muito. É um romance que reflete sobre o comportamento humano diante de fatos que constroem a micro realidade de uma cidade de interior, com algumas perspectivas mais dramáticas, outras bem humoradas e um pouco de realismo mágico - conta a autora.
Maya tem outro romance pronto e à espera da assinatura de contrato com duas editoras interessadas, cuja intenção é lançar em 2021. Trabalha ainda em cima de outro livro que precisa concluir até agosto, para inscrever em um concurso que prevê a publicação como prêmio.
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