Para homenagear a cidade, entramos na brincadeira popular das redes sociais de compartilhar imagens do cotidiano da pandemia em preto e branco e sem pessoas (veja na galeria abaixo). É um aniversário para ficar na história e sabemos que Caxias tem muito mais para mostrar. Então, compartilhe as imagens que você acha que são a cara da cidade, a nossa cara, com a #130anosCaxias.
Temos nossas dificuldades, por certo. Temos também nosso jeitão, depende de cada um, mas tem um jeito que nós sabemos muito bem, é marcante aqui de Caxias. Temos as nossas diferenças. Algumas prosaicas: uns entendem que se deve dobrar à direita na Sinimbu, outros que não. Outras diferenças, vai da escolha e da forma de expressão de cada um. E outras mais sérias, que não devem ser menosprezadas. Ter diferenças é natural, mas que elas fiquem dentro do terreno da civilidade e da boa convivência, isso é um compromisso e uma prática que precisamos cuidar e assumir. Temos nossas desigualdades, e aí é mais grave, porque é preciso respostas e atenções dos governantes para diminuí-las e o exercício da solidariedade como hábito, escolha e postura diante de quem precisa. Temos nossas mazelas, nossos dramas sociais expostos como cicatrizes, nossas cracolândias, como na subida da Borges, como os moradores de rua esparramados no frio pela cidade...
Temos de tudo um pouco. E temos todo o direito do mundo de se encontrar, de fazer festa, de comemorar, de celebrar. Direito de ter orgulho daquilo que somos e do que construímos ao longo de 130 anos, com muito trabalho. A existência é tudo isso, e celebrar é essencial. Este sábado é dia de celebrar 130 anos de Caxias como município. Agora, em tempos de pandemia, esse direito de se encontrar está restrito e temporariamente suspenso, em nome de uma causa essencial, de poupar vidas. Logo vamos retomar.
O que temos, porém, o que somos, o que construímos, o que conquistamos, isso merece muita celebração. Desde os tempos de Vila de Santa Tereza de Caxias, em 20 de junho de 1890, que sucedeu à simples designação inicial de Fundos de Nova Palmira. Logo depois veio o trem, do qual não podemos esquecer, puxando o desenvolvimento econômico lá no princípio. Naquele dia, 1º de junho de 1910, a cidade festejou muito, como deve ser. Precisamos trazer o trem de volta, sem nenhuma dúvida.
De lá para cá, construímos uma história, com trabalho e ao nosso jeito, que desenhou Caxias e imprimiu nesse território as marcas de uma identidade. Com a participação de todos, não fica ninguém de fora. Uma identidade que tem uma matriz cultural bem clara, da imigração italiana, tão bem expressa na Casa de Pedra, na raiz cultivada do dialeto tálian, que precisa ser preservada, mas que foi incorporando gente de todos os cantos. Essa é uma marca central, traduzida pelo Monumento ao Imigrante na margem da BR. Hoje, Caxias do Sul experimenta uma diversidade étnica e cultural que a enriquece. E seguimos recebendo imigrantes: senegales, haitianos, venezuelanos... Que bela síntese. Devemos nos orgulhar!
No desenho de cidade que fizemos, olha só que coisa linda, os plátanos do Parque dos Macaquinhos! É nossa marca. Somos os plátanos. Também projetamos e construímos o “maior edifício do Estado”, o Parque do Sol. Vivemos grande parte de nossos dias dentro das nuvens, no meio da neblina, do frio, da cerração. Os rigores do clima nos marcam e nos dizem respeito. Para nos defendermos do frio, fogão à lenha na cozinha com a família em volta é recurso poderoso! Randon e Marcopolo, dupla Ca-Ju, Festa da Uva nos levam longe, são nossas marcas. A trajetória pioneira de Gigia e Abramo Eberle na indústria deixou marcas na cidade que precisamos preservar a todo o custo.
Temos todo o direito de celebrar. Logo, logo, assim que possível, vamos voltar a confraternizar juntos, ao embalo da nossa gastronomia farta, com sopa de agnolini, galeto e todo o resto, sem esquecer do grôstoli e do sagu com creme, comendo uva colhida dos parreirais. Ao embalo dos almoços comunitários dos domingos nos salões de igreja e comunidades. Pode ser também em torno do xis e do bauru, que chegaram depois, mas conquistaram o coração e o estômago dos caxienses.
Essas coisas todas, tudo isso é a nossa cara, o nosso jeito. Tudo isso nos identifica, faz lembrar de Caxias, especialmente aos caxienses que estão bem longe de casa, em outros cantos e países. É a nossa marca. Temos muito o que fazer ainda, muito por consertar, por melhorar, por certo. Temos de cuidar melhor da natureza, do nosso patrimônio histórico. São nossos desafios. Nos reinventar e cada um cuidar do outro na pandemia. Claro que não vamos fugir deles, dos desafios. Mas do muito que foi feito desde o início, desde 130 anos ou mais, devemos nos orgulhar. E celebrar.
Parabéns para a cidade, parabéns para todos nós!
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