Usar o recurso do vídeo caseiro numa aula ou para incrementar a comunicação com clientes pelas redes não é novidade. Mas, em tempos de distanciamento social, a ferramenta se tornou essencial para a sobrevivência profissional nas mais diferentes áreas. Até mesmo a igreja precisou se adaptar à nova realidade. O padre Jocimar Romio, 35 anos, já se aventura no mundo das gravações amadoras há cerca de dois anos. Mas o que nasceu para ser mais uma opção para se comunicar com frequentadores do Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha – onde o religioso atua –, acabou se tornando um canal essencial para manter a aproximação com os fiéis impossibilitados de frequentar a igreja.
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O engajamento em conteúdos como vídeos e transmissões online, aliás, fez aumentar muito os acessos na página do Santuário no Facebook. Só em março, foram mais de 1,6 milhão de pessoas alcançadas e mais 66 mil consumindo cada postagem.
– O virtual é real, é uma experiência real de encontro com o outro – defende o padre.
Romio assina a série de vídeos “Vamos Pensar?”, criada especialmente para o Instagram. Ele mesmo posiciona a câmera num tripé e escolhe os cenários para gravar. Depois, só tem ajuda para a edição. A primeira dica do padre para quem precisa produzir vídeos como ferramenta de trabalho é ser breve e conciso. No caso dos vídeos feitos por ele, a duração é de apenas um minuto cada.
– Eu diria também para as pessoas cuidarem com ética e estética. Ética no sentido de ter conteúdo, não dá para oferecer opiniões vazias, hoje em dia todo mundo fala de tudo. Se você se propõe a gravar um vídeo, deve trazer embasamento ao que está dizendo. Sobre estética, acho que é preciso buscar atualidade em questões como o áudio e a imagem pessoal – sugere.
Atuando numa área menos formal, as gêmeas Catiana e Carolina de Oliveira, 32 anos, também estão explorando o universo dos vídeos para conduzir as aulas do Studio de Danças Camila Oliveira, em Caxias. A dupla comenta que tem aprendido muito com a nova ferramenta.
– Está sendo um grande desafio, porque a gente vende sensação, o olho no olho, o contato, o abraço. Também tem a parte técnica de corrigir o movimento do aluno, por isso, estamos optando por exercícios mais fáceis, mais flexíveis para as pessoas conseguirem fazer em casa – comenta Catiana.
O estúdio oferece aulas em diferentes modalidades, do jazz ao ballet fitness. Assim, os vídeos precisam propor um formato abrangente, para ser eficaz com alunos com idades que vão dos cinco aos 66 anos. Por isso, a dupla elegeu o YouTube para disponibilizar as gravações.
– Fica mais prático para as alunas colocarem na televisão. Principalmente a criança e o adolescente perdem muito o foco com as aulas pelo celular – opina Carolina.
As irmãs gravam os vídeos em casa e já aprenderam até a hora do dia em que a luz fica melhor.
– Temos gravado no final da tarde, que não fica nem escuro nem estourando a luz – ensina Carolina.
:: Dicas de quem entende
Com mais de 20 anos de experiência à frente das câmeras, a apresentadora e coordenadora de telejornalismo da RBS TV na Serra, Shirlei Paravisi, se viu às voltas com a nova realidade imposta pelo uso do vídeo com uma situação bem doméstica.
– Meu marido dá aula e está gravando para os alunos da faculdade. Tenho ajudado ele em algumas questões, estes dias queria gravar usando uma camiseta laranja (risos) – conta.
Aproveitando o conhecimento da Shirlei na área, pedimos algumas dicas que podem facilitar a vida de quem está gravando vídeos e até lives neste momento de distanciamento social.
1. Entenda que o vídeo não é como uma aula presencial, você precisa ser mais atrativo para que as pessoas não se cansem.
2. Qualquer coisa que acontece ao redor de quem grava, tira a concentração de quem assiste. Assim, opte por ambientes neutros (sem decoração muito chamativa).
3. A roupa também é importante, nada de relaxar no look. Se você não usaria uma roupa para ir ao trabalho, ela provavelmente não vai ficar bem para gravar o vídeo.
4. Cuide para que o enquadramento fique legal, procure não deixar grandes espaços sobrando, preencha a tela da melhor maneira.
5. Evite ficar mexendo na câmera enquanto grava. O balanço do vídeo e as mãos que se agigantam próximo da tela irritam quem está do outro lado.
6. Prefira os vídeos curtos, quanto mais direto e claro, melhor. As pessoas não costumam ter paciência para ficar muito tempo em frente à tela, assistindo uma aula, por exemplo.
7. Não abuse do famoso “hã” enquanto está pensando na próxima sentença. Não deixe essas lacunas na comunicação.
8. Prepare um roteirinho para te ajudar. O vídeo precisa ter início, meio e fim.
9. Escolha ambientes mais fechados para gravar, teste antes para não ficar com eco ou ter interferências externas.
10. Procure não ler. Prefira uma comunicação mais descontraída, mas sempre focando no conteúdo, na mensagem.
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