As noites de segunda-feira são sagradas para Claudio Troian, Erni Sabedot, Tiago Sozo Marcon, Juliano Fantin e um grupo de apaixonados pela literatura que frequenta a Do Arco da Velha, em Caxias do Sul. Isso porque, de março a novembro, a livraria é palco do Órbita Literária, encontros semanais que debatem não apenas os livros, mas suas conexões com outras áreas do saber, do cinema à música, da arquitetura à psicologia.
A temporada 2020, que abre nesta segunda-feira (2) à noite com o poeta português Gonçalo Ferraz falando sobre "o cordel e a meada", traz novidade na escolha dos painelistas. Pela primeira vez em nove anos, o projeto adotará um sistema de curadoria, na tentativa de diversificar a gama de convidados e assuntos contemplados.
— O que vinha acontecendo? Com o passar dos anos, percebemos que estávamos nos repetindo na seleção de convidados. Foi aí que decidimos estabelecer um processo de curadoria, onde especialistas em literatura vão escolher os temas e também os painelistas — explica o produtor cultural Claudio Troian, um dos quatro organizadores.
Entre os curadores escalados, figuram os escritores Marco de Menezes, Marília Frosi Galvão e Marcos Mantovani; o livreiro responsável pela Do Arco da Velha, Germano Weirich; o presidente da Academia Caxiense de Letras, Arthur Campagnolo Della Giustina; a professora de literatura Francine Iris Tadiello e a psicóloga Juliana Santos. Destaque também para a participação da Tesla HQ, estúdio caxiense especializado em quadrinhos, e do Grupo Ueba Produtos Notáveis no time que vai selecionar os debatedores.
— Todos esses temas, embora teatro, música ou quadrinhos, fazem intersecção com os livros. O Órbita tem esse perfil de dialogar com outras linguagens, mas sempre ancorado na literatura — justifica Troian.
Histórico do grupo
Criado em 2012 por Jaque Pivotto, Adriana Antunes e Juli Wexel, o projeto chega nesta segunda ao encontro de número 307. É de se imaginar que, entre tantas noites de segunda dedicadas à literatura, fica difícil para os atuais organizadores listarem quais debates foram os mais marcantes.
Afinal, os orbitantes (como são chamados os participantes das reuniões) assistiram desde o escritor Luis Narval mergulhar na literatura russa até a pesquisadora Cleodes Piazza Julio Ribeiro explanar sobre o mito das terras prometidas, para além da cocanha que os imigrantes italianos buscavam na vinda ao Brasil. Também teve espaço para o frei Celso Bordignon discorrer sobre iluminuras medievais e para a jornalista Alessandra Rech traçar um paralelo entre o brasileiro Guimarães Rosa e o argentino Jorge Luis Borges, sob a temática "o sertão e o pampa".
— O Órbita é um espaço de diálogo. Por isso o formato de painel, e não de palestra. Durante esses anos, muitas pessoas desenvolveram ou formaram seu gosto para a literatura participando dos nossos encontros — orgulha-se Troian, já escalado para ser painelista no dia 30 de agosto, quando falará sobre a ficção distópica Shikasta, de Doris Lessing.
PROGRAME-SE:
:: O que: primeiro encontro do Órbita Literária em 2020, com o participação do poeta português Gonçalo Ferraz.
:: Quando: nesta segunda (2), às 20h.
:: Onde: Do Arco da Velha Livraria & Café (Rua Dr. Montaury, 1570).
:: Quanto: entrada gratuita.