Confessa, madama, que a senhora também ficou escandalizada com a cena protagonizada pelo papa Francisco na última noite de 2019, semana passada, às vésperas da virada do ano, quando ele precisou dar dois tapinhas nas mãos de uma peregrina impertinente que o agarrava pelo braço exigindo bênção, na Praça São Pedro, no Vaticano. Primeiro lugar, né, madama, bênção não se exige, bênção se recebe (no máximo, se pede com educação, o que faltou à peregrina, é verdade, porém, facilmente desculpada devido à emoção que a possuía ao ver-se cara-a-cara com o sumo pontífice, de quem acabou obtendo foi o privilégio único de receber sumas e santas palmadas). Todos viram a cena, que rapidamente viralizou mundo afora, via redes sociais e, depois, mídia tradicional (a senhora mesma já assistia ao episódio papal na tela de seu smartphone poucas horas depois, em arquivo compartilhado pelas suas amigas da hora do chá, confessa), gerando espanto devido à perda da paciência por parte do papa, que, ali, descortinava seu lado humano e, ipso facto, falível (“ipso facto” significa “por isso mesmo”, madama, a senhora sabe que não resisto a um latinismo ao abordar temas papais).
Opinião
Marcos Kirst: o papa deu mais que palmadas
Primeiro lugar, né, madama, bênção não se exige, bênção se recebe
Marcos Kirst
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