– Grazie che se venheste a Nova Pádua!
A recepção (“Obrigado por visitar Nova Pádua!”) proporcionada por duas senhoras não deixa dúvidas: estamos em um reduto italiano. Por aqui, o tempo passa devagar. Também, com tanta coisa bonita para ver, correr por quê?
Basta uma voltinha pelo centro para perceber que a religiosidade é outra herança deixada pelos imigrantes que chegaram em 1886. Hoje, aos poucos, os cerca de 2,5 mil habitantes despertam para outra vocação: a turística. A natureza se encarregou do maior trabalho – os cenários são estonteantes, o que justifica o apelido de Pequeno Paraíso.
De Caxias do Sul até lá, são apenas 36 quilômetros. Para chegar, o viajante deve seguir pela RS-122, passando por Flores da Cunha, e acessar a RS-814, que leva até Nova Pádua. O trajeto dura cerca de 45 minutos. Já quem vem de Porto Alegre pode seguir pela BR-116 e pelas RS-240, RS-122 e RS-453 até Flores e, depois, pela RS-814. São 161 quilômetros.
As paisagens já podem ser admiradas no trajeto. Sempre tem aquela paradinha para tirar uma foto. O colorido das atrações naturais é um reflexo da economia, baseada na agricultura familiar. Há milhares de pés de maçã, pêssego e, claro, de uva. Ela reina soberana pelas encostas e, também, em áreas adaptadas especialmente para a fruta. Cerca de 700 moradores dedicam boa parte do ano ao cultivo e ao cuidado dos parreirais. Em uma das propriedades visitadas, da família Fabian, aproximadamente 70 mil quilos de uvas finas são colhidos todos os anos para serem transformados em matéria-prima de dois queridinhos dos turistas: o vinho e o espumante.
A principal dica para quem visita Nova Pádua é não ir embora sem passar pela Adega Dom Camilo, que dispõe de uma área verde incrível e gratuita. O bancário Maicon Ezequiel Schmitt, de Nova Petrópolis, veio com a namorada:
– É espetacular ter essa vista aqui.
A adega serve um cesto de comida colonial e promove degustação de vinhos e espumantes.
– Enxergamos isso todos os dias, mas seria egoísmo dizer que a gente se acostuma com uma paisagem dessa – afirma João Pedro Sonda, sócio-proprietário da adega.
Três dicas para curtir Nova Pádua
1 - Parque dos Peixes
Se o plano é não ter roteiro e aproveitar um dia de sol ao ar livre, a dica é o Parque dos Peixes. Tem pedalinho, pesque-pague e churrasqueira para aquele almoço de domingo (confira os preços abaixo). Há quem vá só para uma soneca, e existe opção de hospedagem (R$ 130).
– Aqui é tranquilo, não tem baderna, não tem folia – afirma Tiago Perini, representante comercial.
Já o agricultor Adilson Rothmann optou pela pescaria. Nós o encontramos com um balde cheio e outro peixe no anzol.
– O almoço e a janta já estão garantidos – ri.
Como funciona:
:: Funciona de quarta a domingo
:: Entrada: R$ 3
:: Pedalinho: R$ 5
:: Material de pesca: caniço a R$ 1 e molinete a R$ 3
:: Bagre e carpa: R$18,95 o quilo c/limpeza
:: Churrasqueira: R$ 25, com saco de carvão
:: Almoço aos domingos: R$ 50
:: Hospedagem: R$ 130 em suíte com café da manhã ou camping a R$ 10 por pessoa
:: Informações e reservas: fone (54) 3296-1582
2 - Café colonial no Belvedere Sonda
A mesa farta é marca registrada em cidades colonizadas por italianos. Um café colonial como esse substitui tranquilamente um almoço. E os visitantes ainda têm o privilégio de aproveitar delícias como grostoli glaceado ou bolo salgado e assado no azeite de oliva com uma vista espetacular no Belvedere Sonda.
– É surpreendente ter no Rio Grande do Sul um local de tamanha beleza e que de certa forma não é tão conhecido dos gaúchos – afirma a bombeira Lisiane Nunes.
Como funciona:
:: Abre aos sábados, domingos e feriados, das 12h às 20h.
:: O café colonial custa R$ 55 por pessoa.
:: Informações: (54) 9 8110-2709 ou (54) 9 9636-1414.
3 - Passeio de caminhão militar e rapel
Alimentados, é hora de voltar para a estrada. Caminhões do Exército adaptados levam os turistas aos principais cartões-postais da cidade. São da década de 1970 e foram comprados em um leilão militar. O passeio dura uma hora e meia e custa R$ 20. Informações pelo (54) 99639-8728.
Pegamos carona até a Cascata Borella, uma queda d’água de 80 metros. Nossa missão é descer de rapel (custa R$ 60 por pessoa e deve ser agendado pelo (54) 9 9925-9277). O caminho até o topo exige preparo físico e uns 15 minutos de esforço.
Para facilitar, arames foram fixados entre as árvores e servem de apoio.
Eu nunca tinha feito rapel na vida, mas pude contar com a orientação de profissionais como Tadeu Baggio, presidente da Associação Paduense de Esportes Verticais. Segui a dica de não olhar para baixo no início, mas, quando os pés deixam de tocar na pedra, o jeito é encarar o medo.
Para baixar a adrenalina, embarcamos em um passeio de quadriculo. Há várias opções de roteiro por estradas de chão e pomares do interior. Custa R$ 220 .