Já percebeu como o fim de ano renova nossa capacidade para fazer planos? Parece sistemático, dezembro chega e as pessoas já começam a listar o que gostariam de realizar no próximo ciclo que se aproxima. A psicóloga e mestre em Filosofia Camila Lang acredita que o hábito seja saudável, mas é preciso estar atento à origem de nossos anseios para que tudo não se transforme em frustração.
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— Não se trata aqui de sair histericamente fazendo o que o outro fez ou vivendo o que o outro viveu. Se trata de cavar em si mesmo o tesouro, descobrir, seja com psicanálise ou numa autorreflexão introspectiva, qual o teu desejo. Descobrir o que eu quero e depois se haver com isso! Parece fácil, mas é uma ação complexa — ensina.
Para Camila, essa jornada de autoconhecimento para descobrir quais são nosso anseios, envolve um ato de coragem e libertação em busca da felicidade. Mergulho que também pressupõe assumir nossos próprios vazios.
— O fato de desejar alguma coisa, realização ou qualquer conquista, pressupõe a ideia de que precisamos preencher uma falta. Só realiza quem reconhece que está em falta. A falta nos é essencial quando estamos falando de desejo — aponta a psicóloga, também professora universitária na Uniftec.
Camila acredita que fazer aquela tradicional listinha (que muitos costumam pendurar na geladeira ou guardar na carteira) pode ser um primeiro passo muito interessante para colocar os planos em prática. Mas esse ato deve vir acompanhado de um contexto muito mais complexo.
— A lista é interessante porque organiza e sistematiza, mas não dá conta de nenhuma realização pessoal. Somente realizamos as coisas se realmente as fazemos "com as tripas" "com a alma" — opina.
Fazer um plano não é garantia alguma de que ele realmente se realizará. Por isso, é necessário também estar pronto para lidar com possíveis fracassos, conforme a psicóloga.
— É bastante comum as pessoas se deprimirem, se desanimarem, porque nem tudo pode ser realizado, nem tudo pode ser comprado. Talvez esse possa ser o motor da busca por mais vida, mais planos e mais metas, algumas alcançadas, outras a serem alcançadas e muitas nunca possíveis e quem sabe sempre desejadas.
Mesmo que os fracassos nos peguem geralmente de surpresa, a psicóloga ensina que algumas decisões prévias podem nos afastar deles. Para a profissional, um dos passos mais importantes é investir em um bom caminho dentro de si mesmo:
— Fracassados somos quando deixamos de desejar por nós mesmos. Quando compramos um ideal de eu que está mais para o que o outro é, do que para o que eu sou. Mas quando falamos de sensação de fracasso, desânimo ou tristeza por não ter dado nada certo do jeito como pensamos, precisamos sentir dor, chorar, lamentar, sofrer. Só depois de sofrer a dor de não ter conseguido é que podemos seguir em frente, reinvestir em novos planos, novas metas, novas coisas. É humanamente natural que soframos. Isso é necessário e nos reorganiza, inclusive para reavaliar o que havíamos nos proposto enquanto ideal.
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