A segunda noite do Mississippi Delta Blues Festival (MDBF) recebeu a chuva como bálsamo e não com dispersão. Porque foi em meio à chuva fina no início da madrugada de sexta (22) para sábado (23), em Caxias, que o guitarrista Slam Allen subiu ao Nola Stage, o palco principal do MDBF.
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Quem não fazia ideia do que esperar do músico norte-americano ficou de queixo caído quando ele conduziu a banda e o público aos contrastes da dinâmica, da potência em alto som ao quase silêncio. Mas foi entoar os primeiros versos da canção para que as pessoas ficassem em dúvida: "Qual é o maior trunfo do cara? Cantar os tocar guitarra?".
Para muito além desse talento, Allen prova sua maestria ao cantar quase à capela, sem microfone, tocar em meio ao povo, e orquestrar plateia e banda. Eis que a harmonicista caxiense Débora de Oliveira sobe ao palco, a convite de Allen. Gentil e humilde, Allen a convida para que ela pudesse brilhar. O famoso duelo entre Allen e Débora, mais do que uma competição, se transformou em uma "escada" do guitarrista para que Débora pudesse desfilar soberana.
Com a plateia no bolso, Allen tratou então de puxar os acordes de (I Can't Get No) Satisfaction, do Rolling Stones. Allen nem precisou cantar os primeiros versos porque o público puxou o coreto. Ah, e por falar em coreto, e sobretudo o cortejo carnavalesco, a dispersão da Parada de Carnaval foi justamente em frente a área em que Allen tocava. Costuras e amarras que deram ainda mais movimento ao MDBF.
Durante a Satisfaction, Allen resolveu mostrar seu virtuosismo, seja em fraseados rápidos e límpidos, seja em sequências de arpejos, ou abusando do feeling em um solo harmônico, doce e singelo. Outro ponto alto do show foi a Hey Joe, de Jimi Hendrix. E tudo isso foi debaixo de chuva, que começou tímida e despencou para desespero de quem foi de salto alto conferir o festival de blues.
ATRAÇÕES PARALELAS
Circular pelos diferentes espaços do festival tem suas gratas surpresas. No Mississippi Dela Blues Bar, por exemplo, por volta das 22h30min, de sexta-feira (22), rolava o show da Mandrak Funk Show, que eles mesmo se definem como aqueles que "flutuam entre o funk e o blues".
No mesmo horário, no Nola Stage, quem desfilava seu blues em uma pegada que flerta com o rock era Big Dez, que tocou acompanhado de Alamo Leal.
Cerca de uma hora mais tarde, no Flor de Lis Stage, Zia Leme cantava na companhia do harmonicista Toyo Bagoso, o idealizador do MDBF.
Há 50 metros dali, no Creole Moon Stage, mais conhecido como Casinha do Blues, Ale Ravanello Blues Combo encerrava mais uma das canções do repertório, quando foi possível ouvir um dos potentes agudos entoados por Zia Leme, que estava em outro palco, no Flor de Lis Stage.
Pouco antes de Allen subir ao palco principal, no Folk Stage, o músico mais requisitado pelo público feminino em selfies, o britânico Albert Jones, incendiava a plateia em um show vibrante e envolvente. É sacanagem dizer que havia um grande interesse ao seu entorno porque o cara é um rosto bonito. O cara manda muito bem mesmo.
E quem pensa que o festival termina quando a atração principal encerra seu espetáculo está enganado. O bailão blueseiro, tradicionalmente, conduz às pessoas para o Mississippi Delta Blues Bar. E o resto é história. Aliás, mais um capítulo da história que completa 12 edições em 2019. E neste sábado, dia 23 tem mais.