Foi a combinação um tanto inusitada do vozeirão da caxiense Fran Duarte com o reggae do Cidade Negra que deu o tom de despedida no 7º Aldeia Sesc, na noite deste domingo (10), no Largo da Estação Férrea. Cerca de cinco mil pessoas aproveitaram a trégua no tempo chuvoso do fim de semana para curtir o trio de Toni Garrido desfilar sucessos da carreira, como A Estrada, Onde Você Mora? e Firmamento.
— Sempre escutei Cidade Negra, desde minha adolescência. Fiquei muito feliz com o convite e espero que a parceria fique legal — disse Fran, antes de subir ao palco para o espetáculo Rock Mulher, ao lado de Tita Sachet.
O encerramento contou ainda com a intervenção cheia de personalidade do grupo Zingado, shows de Loma Pereira, Três Marias e DJ Nani Rios, além das apresentações teatrais de Odelta Simonetti e Cia. Garagem. A criançada também se divertiu com as caricaturas do grafiteiro Andrigo Martins e com o números de mágica de Marcelo Soccol.
Em cinco dias, o Aldeia promoveu mais de 50 atividades gratuitas, entre shows, sessões de cinema, bate-papos e oficinas — programação que teve como fio condutor o tema “Celebração do Feminino: Terra, Mãe, Mulher”, assinado pelo jornalista Nivaldo Pereira. Além das atrações no próprio Sesc e do encerramento na Estação Férrea, o evento circulou por Praça da Bandeira, escolas públicas e comunidades de Galópolis, Forqueta, Vila Seca e Ana Rech.
Na parte musical, um dos principais destaques ficou por conta da estreia do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira em solo caxiense, na última quinta (7). O trio, que recentemente dividiu o palco com a musa Elza Soares, no Rock In Rio, trouxe um repertório recheado de empoderamento e representatividade. Vale lembrar que as vocalistas Raquel Virgínia e Assucena Assucena foram as primeiras mulheres trans indicadas ao Grammy Latino. Elas concorrem na categoria Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa por Tarântula (2019).
Também marcaram presença os cariocas do Fusion Jazz Project, quinta, e a batucada das mulheres do Bloco da Ovelha, sábado. As duas apresentações animaram quem passou por Praça da Bandeira, em São Pelegrino — o que não deixa de ser um sutil recado do Sesc sobre a importância de ocupar os espaços públicos com arte.
— Estou encantada com o retorno que tivemos. As comunidades do interior abraçaram a proposta e curtiram a programação. As oficinas e os bate-papos também deram muito certo — avalia a gerente do Sesc Caxias, Luciana Stello.
Pela primeira vez em sete edições, a programação do Aldeia contou com financiamento da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (LIC), que permitiu a captação de R$ 50 mil junto à iniciativa privada.
Outra novidade foi a homenagem para seis personalidades locais com o título de “guardiãs da aldeia”. Reforçando a temática feminina, as eleitas foram Cleodes Piazza, Loraine Slomp Giron, Isoldi Chies, Irmã Maria do Carmo, Analice Carrer, Cecília Pozza e Zica Stockmans — todas com forte atuação na Serra, seja no cenário cultural ou em ações de cunho social.
A próxima edição do Aldeia Sesc já tem data marcada: de 12 a 16 de novembro de 2020. Até lá, fica o misto de saudade com expectativa.