Agnel Passos tinha 20 anos quando um acidente de trânsito, em 2014, o fez deixar de lado o sonho de jogar futebol. Já o pequeno Théo Giordani Rodrigues, 11, nasceu com autismo e não desenvolveu o ato de falar. Matheus Rocha, 27, tem síndrome de down, mas nunca permitiu que a doença o impedisse de realizar novos desafios. E o que eles têm em comum? Todos encontraram no esporte uma forma para superar seus limites e viraram sinônimo de garra, determinação e, principalmente, ânsia de vencer.
Leia mais
Conheça histórias de caxienses que driblaram as dificuldades da vida com a prática esportiva
Neste sábado, quando se comemora o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, falar sobre o tema (e mostrar essas histórias de superação) é ainda mais relevante. Só em Caxias do Sul, cerca de 75 mil pessoas têm algum tipo de deficiência, segundo dados do Conselho de Direitos da Pessoa com Deficiência. A maioria é autista. Nas escolas da cidade, são 1.128 crianças que precisam de uma atenção especial, segundo um mapeamento realizado neste ano pela Secretaria Municipal do Esporte e Lazer (Smel). Agnel, Théo e Matheus representam essa parcela da comunidade caxiense e, com trajetórias bem distintas, mostram como é possível utilizar a prática esportiva como aliada na superação dos próprios limites.
Alegria a cada braçada
Falar. Essa é a principal ação que realizamos cotidianamente. Falamos para reclamar, agradecer, discordar ou concordar. E é difícil imaginar viver sem o diálogo. No entanto, é possível comunicar-se sem ele. O caxiense Théo Giordani Rodrigues, 11 anos, é autista e não desenvolveu a fala. Entretanto, o amor pelo esporte e o desejo de estar desenvolvendo atividades aquáticas são expressos pelo olhar e sorriso. Desde os três anos, sua rotina é repleta dessas práticas.
– Meu filho não fala, não tem comunicação verbal, mas a gente vê a realização dele em seguir essa rotina. Ele gosta de ter o que fazer – explica a mãe, Tatiane Giordani Brando, 38 anos.
Quando iniciou as atividades aquáticas, Théo realizava hidroterapia na Academia Raiar, em Caxias do Sul, por meio do projeto Mosaico Centro Dia. Foi então que a família percebeu o entusiasmo do menino ao estar em contato com a água. E isso os motivou a não deixá-lo longe da sua grande paixão.
– Quando esse projeto findou, a gente começou a procurar outras opções, porque ele sempre gostou muito da água, da piscina. Então, fomos em busca de outras opções, e surgiu a terapia ocupacional na FSG (Centro Universitário da Serra Gaúcha).
Atualmente, os dois projetos foram encerrados e a família aguarda o programa de natação da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. Conforme a mãe, a pasta informou que lançará uma turma apenas para autistas, com profissionais capacitados para atender as demandas desse público. Mas, para não deixá-lo distante da água, a família matriculou Théo no projeto L’Aqua, onde são oferecidos exercícios com o intuito de ensiná-lo a nadar, promovendo seu desenvolvimento. Entretanto, não é só na água que o pequeno expressa seu contentamento. Por meio da Escola Municipal de Ensino Fundamental Caldas Júnior, no bairro Petrópolis, onde estuda, Théo foi direcionado à equoterapia, oferecida aos alunos da rede pública de ensino gratuitamente pela Secretaria Municipal de Educação (Smed):
– Eles fazem todo esse trabalho de colocar eles nos cavalos, andar, ter o contato com o animal e isso é muito legal – explica a mãe.
A aprendizagem abrange muitos campos e, geralmente, temos uma área preferida. Pode ser português, matemática, ciências, artes… No caso de Théo, a prática esportiva desponta. Mesmo sem comunicação verbal, o entusiasmo ao realizar tais atividades é exposto aos que conhecem o menino, assim como com qualquer criança que consegue superar os seus limites:
– A gente vê a realização dele em seguir essa rotina. Ele gosta de ter o que fazer. Andar a cavalo, por exemplo, é superar os limites do que ele consegue sozinho. Ir na piscina, o próprio ato de ir na escola, são atividades necessárias – conta Tatiane.