Na madrugada do último sábado, Volnei Canônica mal conseguiu pregar o olho. O motivo da insônia era o sentimento de impotência diante das imagens que rodavam o mundo: chamas incontroláveis e fumaça escura cobrindo grandes áreas da Floresta Amazônica.
Ao amanhecer, quando recebeu uma mensagem da poeta carioca Roseana Murray com a mesma inquietação, o presidente do Instituto de Leitura Quindim percebeu que era urgente somar esforços e agir.
Foi assim que nasceu o projeto Amazônia Chama/Amazon Shouts, uma plataforma digital colaborativa que pretende reunir trabalhos que tenham a maior floresta tropical do planeta como temática. Os artistas podem colaborar com as mais diversas linguagens: livros, fotografias, ilustrações, vídeos, trabalhos acadêmicos.
— Queremos promover um olhar de valorização da Amazônia por meio da arte, que tem papel fundamental na construção de uma narrativa simbólica que outras ferramentas não conseguem. Essa mobilização internacional é um ato de conscientização – defende o caxiense, idealizador do projeto ao lado do ilustrador Roger Mello.
Recorrendo às amizades cultivadas em 32 anos de engajamento pela cultura, Canônica já recebeu contribuições de nomes como Alfredo Soderguit (Uruguai), Isol (Argentina), Javier Zabala (Espanha), Mafalda Milhões (Portugal), Piet Glober (África do Sul) e Walcyr Carrasco (Brasil). Os trabalhos passarão por processo de curadoria para, num segundo momento, serem disponibilizados gratuitamente para escolas, bibliotecas, museus, universidades e comunidade em geral.
– Quero que, no futuro, a floresta e os povos originários tenham outro significado. Precisamos entender que os brasileiros pertencem à Amazônia. Os caxienses, aqui no Sul, também pertencem à Amazônia. Somos um só planeta – conclui.
Para acessar a plataforma, basta buscar o endereço www.amazoniachama.com.