A descoberta da identidade é tema quase inesgotável a inspirar filmes e livros aos montes, geralmente ambientados na fase adolescente das personagens. O curta-metragem Lola 27 também aborda essa temática, porém, com as perspectivas voltadas para a figura de uma drag queen. Com estreia prevista para esta sexta (9), às 19h30min, em Bento Gonçalves, o trabalho ganha originalidade ao abordar o universo das questões de gênero por meio do olhar de um jovem adulto que adentra desconhecidos mundos quando se monta como drag.
A produtora do curta, Giana Milani, conheceu Alcides Furlin (Lola) na época da escola. Foi ela quem sugeriu ao diretor Rodrigo De Marco fazer um filme em que o amigo fosse protagonista. O resultado é uma obra documental de 21 minutos, custeada via Fundo Municipal de Cultura, na qual depoimentos e performances revelam a força estética, identitária e representativa de Lola.
— O legal do documentário é que é um gênero que permite que contemos histórias de várias pessoas através de apenas um personagem. Muitas drags são como o Alcides, como a Lola, muitas passaram por processos semelhantes, ao mesmo tempo que todas possuem histórias únicas — aponta Giana.
Para construir esse mosaico de informações sobre a vida de Alcides e sobre suas descobertas como Lola, o diretor e a produtora elegeram visões femininas. Eles decidiram entrevistar somente mulheres no curta: a mãe, a irmã e duas amigas de Alcides.
— Além de valorizar essa visão das mulheres, as entrevistadas são as pessoas mais importantes do mundo para ele — justifica De Marco, escritor que faz sua estreia como diretor com Lola 27.
O personagem principal aparece em cena tanto como Alcides quanto como Lola, personagem que apresenta em bares de Porto Alegre. Além de explorar as diferenças básicas entre eles — Alcides é um estudante de Engenharia introvertido, enquanto Lola é puro glamour, ousadia e alto astral —, o documentário também buscas os elos entres essas duas personas de uma mesma pessoa.
— O Alcides fala que a Lola ajudou muito ele a se soltar, tem essa força que a gente tenta passar, fala também de resistência ao abordar questões da sexualidade — aponta o diretor.
Para dar conta do potencial artístico da drag Lola, o filme é costurado por uma performance dela gravada no palco da própria Fundação Casa das Artes, onde ocorre o lançamento desta sexta. A trilha escolhida foi a sensorial Drive Into The Night, da cantora uruguaia Phoro, que cedeu os direitos para o filme.
— Ela (cantora) está super empolgada — festeja De Marco.
Moradores de uma cidade conservadora como Bento Gonçalves, Giana, Rodrigo e Alcides também colocam no filme um potencial revolucionário, já que a obra chama atenção para questões muitas vezes marginalizadas em âmbito local. Não seria exagero dizer que Lola 27 está construindo representatividade.
— É um filme para desconstruir, para incomodar no bom sentido, abrir a cabeça das pessoas. Essa é a minha ideia sempre que se fala de arte — diz o diretor.
PROGRAME-SE
:: O quê: estreia do curta-metragem documental Lola 27, de Rodrigo De Marco. Após a exibição, haverá bate-papo com a presença dos produtores e da personagem Lola.
:: Quando: nesta sexta (9), às 19h30min.
:: Onde: Fundação Casa das Artes (Rua Herny Hugo Dreher, 127), em Bento Gonçalves.
:: Quanto: entrada franca.
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