Sabe por que a arte tem sido tão afligida nos últimos tempos? Porque confronta a família e os bons costumes? Não, esse é o discurso oficial e que incendeia as redes sociais. A arte vem sendo afligida, porque propõe diálogo, sugere reflexões e expõe o que somos, de melhor a pior.
Ao entrevistar o jornalista e crítico de dança, Carlinhos Santos, a respeito da abertura do Palco Giratório (segunda, dia 5 e, terça, dia 6) e da primeira Mostra Sesc de Dança Urbana (de quarta, dia 7, à sábado, dia 10), em Caxias, percebe-se esse mesmo choque também dentro da arte, mas nesse ambiente lúdico, o atrito é revestido de provocações estéticas e não verborrágicas.
A seleta de atrações começa hoje com Pensamento Giratório, com elenco da Cia Gumboot Dança Brasil, às 20h, no Teatro Pedro Parenti, em Caxias.
– Quando perguntaram ao coreógrafo americano William Forsythe, em uma entrevista que ele concedeu ao jornal O Estado de S. Paulo, por conta de uma das vindas dele ao Brasil, qual seria o futuro da dança, ele disse que era o hip hop – recorda Carlinhos.
É por isso, que o movimento que se inicia hoje em Caxias, reverbera com o pensamento da dança, não apenas no Brasil, mas no mundo.
– Essa é mais uma iniciativa significativa, potente e agregadora do SESC de Caxias, que cada vez mais se afirma como a principal instituição fomentadora da cena cultural de Caxias. Sinaliza um olhar atento e articulado com os contextos artísticos da dança contemporânea – observa Carlinhos, curador da Mostra Sesc de Dança Urbana.
A respeito da seleção dos artistas, Carlinhos salienta a diversidade das propostas de grupos de várias regiões do Brasil.
– Busquei trazer recortes de possibilidades que as danças urbanas têm oferecido à contemporaneidade. Pedra Verde/Muiraquitã, da Cia Municipal de Porto Alegre, faz uma ponte entre os rituais indígenas e os rituais da cena eletrônica. Faça algum barulho, aproxima um corpo afro-brasileiro ao de um bboy, estudando a mapeando contaminações entre uma e outra possibilidade de dança. En-tre corpologias urbanas e contemporâneas, da Cia Municipal de Caxias, mostra fusões urbanas e contemporâneas em pesquisas de Matheus Brusa e Diego Santos.
A mostra se completa com a participação do coletivo Essência Crew, de Caxias, e o Nest Panos, de Bento Gonçalves, que há 10 anos promovem a Battle in the Cypher. No sábado, por exemplo, eles organizam uma batalha Seven To Smoke, em que os oponentes dessa “guerra” de dança ficam enfileirados, um de frente para o outro, competindo, até que reste apenas o vencedor.
– Destaco ainda, a presença da bgirl pelotense Francine Lemos, com o solo Urbana, um duo entre dois bboys e uma estrutura metálica em Hexágono, o mix de hip hop e funk do Grupo Trakta, a experiência de convívio do balé com o hip hop em Quatro Estações, de Juliano Vieira Dias. Há espaço ainda para uma aula aberta e uma oficina de Contempurbano, com o bailarino Driko Oliveira. Ou seja: há espaço para entretenimento, pesquisa e formação – resume.
Palco Giratório
Na mesma onda da Mostra Sesc de Dança Urbana, haverá apresentação do espetáculo de dança contemporânea Subterrâneo, Cia Gumboot Dança Brasil, dentro da programação do Palco Giratório.
– Eu diria que esse é o principal projeto de Artes Cênicas em atividade no Brasil. Realizado pelo SESC há mais de 20 anos, articula ações de fomento, produção e circulação de espetáculos, com atividades de formação de público e intercâmbio dos diferentes contextos artísticos brasileiros. Uma de suas atividades inclui o Pensamento Giratório, que propõe debates com as companhias e grupos que circulam pelo Brasil – defende Carlinhos Santos.
O espetáculo Subterrâneo, com sessão única amanhã, às 20h, no Teatro Pedro Parenti, traça um paralelo entre a experiência dos mineiros africanos do século 19 e a sobrevivência da população negra e periférica das grandes metrópoles brasileiras nos dias de hoje.
– Subterrâneo aproxima linguagens de dança, partindo do afro para inserir as danças contemporâneas num discurso sobre exclusão e, ao mesmo tempo, inserção das minorias num enfrentamento contra a exclusão, a violência e a repressão – explica o crítico de dança Carlinhos Santos.
Como se vê, as temáticas da arte propõe reflexão, que é, segundo o dicionário popular, o oposto de alienação e ignorância.
Programe-se
PALCO GIRATÓRIO
O quê: Pensamento Giratório - Cia Gumboot Dança Brasil (SP)
Quando: segunda-feira, às 20h
Onde: Teatro Pedro Parenti (Casa da Cultura - Rua Dr. Montaury, 1.333 - Caxias)
Quanto: Entrada Franca
O quê: Circuito Palco Giratório - Espetáculo Subterrâneo, Cia Gumboot Dança Brasil (SP)
Quando: terça-feira, às 20h
Onde: Teatro Pedro Parenti
Quanto: Ingressos a R$ 20. Clientes com Cartão Sesc/Senac nas categorias Comércio e Serviços e Empresários, classe artística, maiores 60 anos e estudantes, R$ 10. Convênios, R$ 17. À venda no Sesc Caxias.
Sinopse: O espetáculo Subterrâneo traça um paralelo entre a experiência dos mineiros africanos do século XIX e a sobrevivência da população negra e periférica das grandes metrópoles brasileiras nos dias de hoje. Suburbanos explorados cotidianamente, com suas memórias sendo soterradas e suas vozes abafadas por um regime de extermínio que avança sistematicamente.
Classificação: livre
MOSTRA SESC DE DANÇA URBANA
O quê: Espetáculo Pedra Verde/Muiraquitã, Cia Municipal de Dança de Porto Alegre
Quando: quarta-feira, dia 7, às 20h
Onde: Teatro Pedro Parenti
Quanto: Ingressos a R$ 20. Clientes com Cartão Sesc/Senac nas categorias Comércio e Serviços e Empresários, classe artística, maiores 60 anos e estudantes, R$ 10. Convênios, R$ 17. À venda no Sesc Caxias.
Sinopse: A montagem faz um percurso dramatúrgico que vai da mata às festas eletrônicas, às raves. Em cena referências a rituais indígenas, metrópoles, êxtase, transe, contemplação, guitarras, tambores, ervas. A coreografia enérgica remete a um ritual moderno embalado pela música eletrônica evocando a ancestralidade que aflora e ganha novos contornos numa fusão do imaginário tribal com o urbano.
Classificação: Livre
O quê: Espetáculo Faça Algum Barulho, Rui Moreira Cia de Dança
Quando: quinta-feira, dia 8, às 16h
Onde: Praça Dante Alighieri
Quanto: Entrada franca
Sinopse: Dois dançarinos confrontam suas diferenças. De um lado, dança tradicional; de outro, dança urbana. A diversão está na exploração desses contrastes em que um assume traços da personalidade do outro.
Classificação: Livre
O quê: Espetáculo Essência Crew - Caxias do Sul
Quando: sexta-feira, dia 9, às 16h30min
Onde: Praça Dante Alighieri
Quanto: Entrada franca
Classificação: Livre
O quê: Performance do grupo Essência Crew (antes da apresentação da Cia Municipal de Dança de Caxias)
Quando: sexta-feira, dia 9, às 19h40min
Onde: Hall de entrada do Teatro Pedro Parenti
Classificação: Livre
O quê: EN-TRE Corpologias Urbanas e Contemporâneas - Cia Municipal de Dança de Caxias do Sul
Quando: sexta-feira, dia 9, às 20h
Onde: Teatro Pedro Parenti
Quanto: Ingressos a R$ 20. Clientes com Cartão Sesc/Senac nas categorias Comércio e Serviços e Empresários, classe artística, maiores 60 anos e estudantes, R$ 10. Convênios, R$ 17. À venda no Sesc Caxias.
Sinopse: Obra composta pela aproximação da performance "Entre", de Diego Santos, com trechos de "Corpografias", novo trabalho da Cia Municipal de Dança de Caxias do Sul.
Classificação: Livre
O quê: Aulão com Juliano Vieira Dias
Quando: sábado, dia 10, às 14h
Onde: Ginásio Sesc Caxias do Sul
Quanto: Ingresso solidário: 1 kg de alimento não perecível para participar de todas as atividades neste dia, que serão doados para o Projeto Mesa Brasil. Inscrições no Sac do Sesc Caxias do Sul
Classificação: Livre
O quê: Workshop Oficina Contempurbano, com Driko Oliveira
Quando: sábado, dia 10, às 15h30min
Onde: Ginásio Sesc Caxias do Sul
Quanto: Ingresso solidário: 1 kg de alimento não perecível para participar de todas as atividades neste dia, que serão doados para o Projeto Mesa Brasil. Inscrições no Sac do Sesc Caxias do Sul
Sinopse: Utilizando-se das imagens das danças urbanas (locking, popping, breaking e house dance), constrói-se neste workshop variações cujos caminhos para atingir as figuras coreográficas misturem as três linguagens, utilizando-se das seguintes bases: ballet clássico, dança contemporânea e danças urbanas. A proposta remete às possibilidades ilimitadas de transformação do movimento a partir da combinação das diferentes técnicas. Driko Oliveira é bailarino da Cia Municipal e Dança de Porto Alegre e coreógrafo da Cia Jovem da Cia Municipal de POA, além de atuar na Ânima Cia de Dança e Cia H.
Duração: 1h30min
Classificação: Livre
O quê: Apresentações de solos, duos e grupos, Hexágono, Grupo Tracta e Francine Lemos
Quando: sábado, dia 10, às 16h30min
Onde: Ginásio Sesc Caxias do Sul
Quanto: Ingresso solidário: 1 kg de alimento não perecível para participar de todas as atividades neste dia, que serão doados para o Projeto Mesa Brasil. Inscrições no Sac do Sesc Caxias do Sul
Classificação: Livre
O quê: Batalha Seven to Smoke, organizada pela Nest Panos - Bento Gonçalves
Quando: sábado, dia 10, às 17h
Onde: Ginásio Sesc Caxias do Sul
Quanto: Ingresso solidário: 1 kg de alimento não perecível para participar de todas as atividades neste dia, que serão doados para o Projeto Mesa Brasil. Inscrições no Sac do Sesc Caxias do Sul
Sinopse: Encontro de demonstração de estilo e versatilidade, com sete dançarinos, DJ, Jurado e animador
Classificação: Livre
O quê: Apresentação de Quatro Estações
Quando: sábado, dia 10, às 19h
Onde: Teatro Sesc Caxias do Sul
Quanto: Ingresso solidário: 1 kg de alimento não perecível para participar de todas as atividades neste dia, que serão doados para o Projeto Mesa Brasil. Inscrições no Sac do Sesc Caxias do Sul
Sinopse: Coreografia e direção de Juliano Vieira Dias. Mix de balé e danças urbanas com quatro bailarinos que exploram os ambientes e climas das quatro estações o ano através do movimento.
Classificação: Livre
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