A Revolta do Moinho é uma peça escrita pelo autor Joanim Pepperoni, cuja real identidade esconde-se por detrás desse pseudônimo. Em cena, os atores vestes máscaras, porque é mais importante o personagem do que o ator que o interpreta. Da mesma forma, que é mais importante o texto do que revelar quem é o autor. A peça produzida pelo Núcleo Teatral do Coletivo Enredo, com sessões sábado e domingo, às 20h, na Casa das Etnias, em Caxias, acaba por ser uma metáfora desta Era em que a realidade anda a ser mascarada, anti-heróis vestem-se com a armadura e armas de heróis, e os digital influencers prevalecem sobre o jornalismo.
O resumo da ópera é o seguinte. A peça conta as aventuras e desventuras do Debulhador Maneta, um trabalhador de moinho que cansado dos abusos causados pela grappa do Nane decide ir até o palácio real de Imperador Napolentão em busca de justiça. O Debulhador Maneta inicia então uma jornada às vísceras da cultura do cocanhismo e parte em uma trama que flerta entre o drama e a comédia, sem perder a ternura e o charme épico, burlesco e satírico de ser.
A direção de A Revolta do Moinho é do ator chileno Cristian Beltrán, que também interpreta na quinta-feira, dia 25, Nanetto Pipetta, no espetáculo Mitincanto, do Miseri Coloni.
— São trabalhos diferentes. O Nanetto é um personagem de teatro popular, embora tenha sua ousadia. Mas em termos gerais, a peça Mitincanto é um realismo mágico, e A Revolta do Moinho é mais contemporânea. Como diretor, eu gosto de usar a sujeira como estética, se fosse música seria uma estética mais rock, com atores mais viscerais — explica Beltrán.
Enquanto Mitincanto trata da chegada dos italianos à Serra, até por uma abordagem mais romântica, também por conta da trilha sonora ser uma pesquisa de músicas daquele período, A Revolta do Moinho é satírica e revela Caxias de uma forma cômica e, por isso, trágica.
— A peça é uma sátira de como está a cidade hoje, com o desenvolvimento das fábricas da cidade, e como essas pessoas estão por cima de um povo que está por debaixo, mas esses que estão abaixo também ajudaram a construir a cidade — observa Beltrán.
Para muito além do mistério de quem é o autor da história, ou quem são os atores que interpretam os personagens, Beltrán defende que todos devem trabalhar à serviço da história. Em Polentawood nada é o que parece, mas, pasmem, é tudo verdade.
Elenco
Anna Sgarbi
Antoniel Pereira
Daiane Giacomelli
Fernanda Pires
Junior de Oliveira
Maysa Stedile
Otávio Rodrigues
Patricia Facchin
Paola Casagrande
Thais Meotti
PROGRAME-SE
O quê: A Revolta do Moinho, do Núcleo Teatral Coletivo Enredo
Quando: sábado e domingo, às 20h
Onde: Casa das Etnias (Avenida Independência, 2.542 - Bairro Panazzolo - Caxias)
Quanto: Ingressos a R$ 20. Estudantes, sênior e classe artística, R$ 10. À venda no local a partir das 14h, de sábado e domingo.
Reservas (54) 99201.3626
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