*André de Campos é professor de História e Sociologia
Nas grandes cidades cresce a violência, a miséria e a marginalidade. As crianças e adolescentes são as maiores vítimas do sistema. A vulnerabilidade destes atores, expressa, por inúmeros índices relacionados à violência, demonstra também a ineficácia ou o equívoco das políticas públicas.
Apesar de muitos jovens não considerarem sua escola violenta, percebe-se a ocorrência de situações e atitudes de violência, que podem ser compreendidas no interior das escolas como uma resposta às precárias condições de sobrevivência com as quais comunidades excluídas se defrontam. Sabemos que essas práticas não acontecem isoladamente e que, pelo contrário, demonstram o quanto a escola é vulnerável e reflexo da comunidade na qual se insere.
O Estado se omite e repassa responsabilidades, enquanto a escola acaba sendo sobrecarregada e na maioria das vezes condenada ao fracasso. Nessas escolas, esse contexto perverso interfere no trabalho do professor e no processo de aprendizagem dos alunos. Nos professores, gera sentimentos de frustração, insatisfação e angústia, porque não conseguem desenvolver o que planejam, enfrentam situações imprevistas que acabam desestabilizando o trabalho de sala de aula. Já para a grande maioria dos alunos, apesar de toda complexidade socioeconômica e cultural, a escola pública, ainda é uma referência, um equipamento social para a criação de espaços de participação, de possibilidades, na inserção dos mesmos à cidadania, ampliando as suas perspectivas de futuro. O desemprego, a fome, a droga, a baixa escolaridade, a promiscuidade e a desestruturação familiar, representam também algumas dessas mazelas que se refletem dentro das escolas.
O preconceito também existe e é uma barreira que dificulta ainda mais o respeito aos direitos humanos e à valorização das comunidades escolares. Eu acredito na valorização da educação e da escola, pois ela é o espaço público de maior abrangência para crianças, adolescentes e jovens, e, por isso, um instrumento importante na construção da cidadania, de referenciais democráticos e da dignidade do ser humano, desde que tratada como investimento e não despesa.