Como o poder público lida com as ações de grafite pela cidade?
Joelmir da Silva Neto: O grafite é um arte urbana e tratamos com o maior respeito essa intervenção. Inclusive trabalhamos com propostas de grafite em eventos nossos. Recentemente, na Semana de Arte e Cultura, tivemos grafite em painéis, não em prédios. E também tivemos grafite no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU), no bairro Cidade Nova, onde encaixou bem, porque tem tudo a ver com o contexto do bairro.
Não foi o caso da abordagem com o Lucas, mas há relatos de ações violentas por parte da Guarda Municipal...
Não há comprovações disso. Existe a legislação, e nesse caso é bem clara, sem autorização não pode. A ação da Guarda Municipal (no caso da abordagem com o Lucas Leite) foi legítima, e não houve condução forçada. Quando não tem autorização, é dever do poder público tomar as providências.
Há interesse da Secretaria da Cultura em liberar áreas para a expressão do grafite?
Nós costumamos trabalhar com propostas. No caso do CEU, recebemos a proposta dos artistas e entendemos que tinha tudo a ver. Temos algumas ideias futuras de um espaço para o grafite, mas ainda estamos avaliando com outras secretarias, tendo em vista as autorizações que serão necessárias.
A Praça das Feiras pode vir a ser um desses lugares?
A Praça das Feiras é um sítio ferroviário, cedido pela União, e de responsabilidade do município. Eu faço um questionamento: essa intervenção do Lucas, valoriza ou impacta o projeto arquitetônico? Poderíamos ouvir a população para saber o que ela pensa a respeito desse lugar. Precisamos respeitar a liberdade de expressão, até porque se trata de uma praça onde todos os tipos de pessoas circulam e ela tem sua história. O Lucas até fez uma arte bonita, ele é um ótimo artista, porém não tem nada a ver com a proposta da Praça das Feiras. Mas no bairro Cidade Nova foi perfeito o grafite.
Qual a melhor forma de requerer autorização para intervenções urbanas?
Exigimos a autorização para que a Secretaria da Cultura possa intermediar com os outros órgãos da prefeitura até para prevenir ações como essa do Lucas. No Parque dos Macaquinhos e no bairro Cidade Nova não deu problema, porque os órgãos estavam comunicados. Ninguém quer impedir e cercear, mas precisamos ter conhecimento do que está acontecendo e sermos parceiros da ideia. Todas as artes precisam pedir autorização, o teatro, a dança, a música, porque o grafite quer ser diferente?
Em resumo, qual a melhor maneira de se pedir autorização?
É buscar a Unidade de Arte e Cultura da Secretaria da Cultura, na Estação Férrea, ou a Unidade de Artes Visuais, no Centro de Cultura Ordovás, e pedir orientações.
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