Faz tempo que Wander Wildner deixou para trás o rótulo de punk brega que caracterizou o início de sua carreira solo, lá por idos de 1996. Mutação e inquietude estão no horizonte musical do artista tanto quanto a vontade de criar, prova disso é o fato de ele ter lançado um disco por ano desde 2015. Um feito e tanto para um artista independente.
– Vejo que as pessoas são muito paradas no tempo, ficam ouvindo sempre as mesmas bandas. Eu pesquiso, estudo, gosto das bandas atuais porque elas vão me mostrar coisas que eu não conheço – defende Wander, grande fã de grupos indianos e australianos, por exemplo.
Neste sábado (13), Wander vem à Serra para mostrar repertório do álbum recém-saído do forno O Mar Vai Muito mais Além no Meu Olhar – que terá lançamento oficial em Porto Alegre na semana que vem. O trabalho traz uma faceta muito atual do dia a dia do músico, refletindo sua rotina como morador da praia do Campeche, em Florianópolis (SC). Como o nome do disco antecipa, o mar é elemento norteador das composições. Pudera, boa parte delas foi composta na varanda da casa de Wander, de onde se pode contemplar a imensidão azul. As gravações seguiram esse mesmo clima, realizadas de forma tranquila e caseira.
– Eu gravei esse disco no mesmo lugar em que o compus, olhando para o mar. Isso é muito importante. O processo rolou enquanto via o mar pela sala de casa. Daí ia revisando as músicas uma a uma, ia descobrindo coisas. Foi muito diferente do que estar dentro de um estúdio escuro. Toda vez que eu estava gravando, era porque eu queria estar gravando – comenta.
Mas não pense que essa relação toda com a praia e com o mar resulta somente em tranquilidade sonora. Campeche Beach, por exemplo, assume o título de faixa mais punk do disco ao narrar uma tempestade que acomete um dia de verão. O álbum também propõe referências aos Beach Boys, mas Wander se apressa em dizer que não é fã de surf music.
– Gosto do ritmo dançante dos anos 1960 e do estilo bubblegum e twist que os Beach Boys faziam. Por estar morando na praia, imaginei um encontro com Brian Wilson (na canção Beachboys), no qual falávamos de uma surfista e depois íamos a um luau (risos). Me veio na memória referências de praia, me veio aquelas imagens antigas da banda com aqueles pranchões – explica.
Na apresentação em Caxias, o músico estará acompanhado de Fred Vittola (bateria) e Clauber Scholles (baixo). O trio vai mostrar todas as músicas do disco novo, intercaladas com alguns clássicos, afinal, o público nem sempre é tão adepto aos novos mares como Wander Wildner é.
Programe-se:
:: O quê: show de Wander Wildner.
:: Quando: neste sábado, às 21h.
:: Onde: Sala de Teatro Prof. Valentim Pazzarotto, no Centro de Cultura Ordovás (Rua Luiz Antunes, 312).
:: Quanto: antecipados a R$ 20, à venda na Hamburgueria Jaime Rocha. Na hora, R$ 30.