Sabe aquela expressão popular "tem boi na linha"? Pois então, é a melhor forma de explicar a falta de comunicação entre a Secretaria Municipal da Cultura e os produtores, agentes e conselheiros culturais de Caxias. No final da tarde de terça-feira, dia 9 de abril, ocorreu a reunião do Conselho Municipal de Política Pública, mais uma vez sem a presença do secretário Joelmir da Silva Neto e de nenhum representante da secretaria.
- Eu não recebi a convocação da reunião por e-mail, nem a pauta, e ninguém aqui da secretaria recebeu a notificação da reunião - revela Joelmir, explicando o motivo de não ter participado do encontro.
No entanto, a desculpa não se justifica por três pontos:
Primeiro, todos os representantes do Conselho de Cultura, do qual o secretário Joelmir é membro, conforme lei e estatuto, sabem, desde 2016, que as reuniões ocorrem sempre na segunda terça-feira de cada mês. Se houver algum imprevisto, procura-se, de forma consensual a definição de uma data extraordinária.
Segundo, as convocações e pautas da reunião, conforme relata Magali Quadros, atual presidente do Conselho, sempre eram enviadas por e-mail e como não eram respondidas, foi criado um grupo de whatsapp para facilitar a comunicação. Mas esta alternativa também não se tornou efetiva, porque o secretário saiu do grupo. Mesmo assim, os documentos tem sido enviados a ele por mensagem ao telefone particular dele, diz Magali.
- Mas esse não é uma forma oficial de tratar desses assuntos - justifica Joelmir.
Terceiro, o secretário soube através da reportagem do Pioneiro, o dia e hora da reunião, e citou isso quando questionado para explicar o não comparecimento.
- Eu soube da reunião através da imprensa, que inclusive me ligou para saber se eu iria. Mas mesmo que eu tivesse recebido a convocação e a pauta, eu não iria. Porque tinha um compromisso particular agendado - revelou, sem dizer exatamente que compromisso era esse.
Para a secretária do Conselho, Cecília Pozza, essa atitude só desgasta mais ainda a relação e tem cheiro de provocação:
- Eu falo por mim, isso é um deboche. Porque toda reunião ele vem com uma desculpa. Na verdade, não há, por parte dele a intenção em abrir diálogo.
Enquanto isso, algumas demandas da área cultural e artística da cidade seguem sem resposta e sem definição prática. Entre as questões em aberto, a Conferência Municipal de Cultura, que em suma aponta como colocar em prática as diretrizes e projetos da Política Cultural de Caxias.
Além disso, produtores, agentes e gestores da área ficam sem saber como será o edital deste ano do Financiarte, quando efetivamente os artistas vão receber o aporte dos projetos do Financiarte de 2018, como será o Caxias EmCena, o GentEncena, a Feira do Livro, e por aí vai.
Felizmente, o setor não para, apesar da tensa e conflituosa relação entre os órgãos. E há quem pinte e borde desse impasse com a citação de Poeminho do Contra, de Mario Quintana (1906-1994) :
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
Os atores da Cultura, sim, essa com 'C' maiúsculo sabem que ela avança através do atrito. Mas entende-se sempre que o atrito seja de linguagem, forma, conteúdo, de fruição no campo estético, sociológico e filosófico. No entanto, o que se tem visto em Caxias é que o tom da coisa é através do viés político-ideológico.
Até quando? Ou pior, e quando a corda estourar, quem vai perder mais? Entre mortos e feridos, a tendência é sempre a de que o público, o espectador, enfim, o curioso pelas coisas da arte venha a perder.
Como conciliar a gregos e troianos? Alguma sugestão?
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