Caxias do Sul está léguas à frente da polarização da cena artística. Mas sempre é bom reafirmar que a dança na cidade está além do bailado tradicionalista gaúcho ou da tarantela dos nossos antepassados. Sem julgamento de valor nessa observação, há que se destacar que esta segunda-feira (29) é o Dia Internacional da Dança e uma série de atividades na Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) tem a intenção de relacionar o pensamento acadêmico à prática artística, tendo a leitura crítica como mediadora deste infinito processo de entender a humanidade enquanto dança.
Para se ter uma ideia da relevância desse gênero da arte em Caxias, domingo (28) a Cia Municipal de Dança de Caxias em parceria com outros grupos da cidade, lotou a sessão que ocorreu no Teatro da Casa da Cultura.
O Dia Internacional da Dança foi criado em 1982 pelo Comitê Internacional da Dança (CID) da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Foi escolhido o dia 29 de abril por conta do nascimento de Jean-Georges Noverre (1727-1810), um mestre do balé francês. E para seguir no compasso, o Núcleo de Dança da FSG preparou uma programação ora de fruição artística, ora para ouvir e refletir.
— Essa proposta foi pensada, claro em comemoração ao Dia da Dança, mas também para trazer para a cena essa diversidade toda que temos e linkar isso ao discurso de corpo mídia e a demonstração de que um corpo pode executar diferentes linguagens — explica a coordenadora do Núcleo de Dança FSG, Gislaine Sacchet, doutoranda em artes cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O encontro abre com a apresentação do projeto Overseas, com sessões às 19h e 21h30min, no Estacionamento da FSG. A obra mescla dança, música ao som de blues e performance cênica em uma simbiose com as culturas brasileiras e americanas e como elas foram afetadas pela chegada dos povos africanos. A performance teve a pré-estreia no Mississippi Delta Blues Festival, em 2018. A direção geral é de Paula Giusto.
A seguir, haverá aula aberta com o jornalista e crítico de dança, Carlinhos Santos, a partir do tema A Dança e Seus Contextos Históricos.
— Quando se fala da dança é preciso tratá-la como um pensamento do corpo. E ao olharmos para a dança no decorrer da história, observamos e tratamos dela a partir de como os homens estão dançando no seu tempo e como escrevem essa história dançando — explica Carlinhos Santos.
Após a sua aula, ocorre um bate-papo com Carlinhos e mediação de Gislaine Sacchet, e contará ainda com a participação da produtora cultural, Cristina Calcagnotto e do doutor em Ciências da Saúde, Daniel Zacaron. Depois de nutrir a mente com teorias e suas implicações, o público poderá conferir uma série de apresentações com diferentes linguagens e estéticas com fragmentos de espetáculos do Espaço Cultural Akácio Camargo, do grupo Sonidos e convidados, Ballet Margô, Quarta Parede e Processos Contemporâneos, e Work In Process — Demonstrações nas Danças Urbanas.
— As pessoas vão conferir grupos que estudam propostas de dança flamenca, estudos das danças urbanas, processos contemporâneos, balé clássico e também a "Overseas", que propõe diálogo com o espaço de ambientação, realizado fora do ambiente de um teatro — observa Gislaine.
Todas as atividades têm entrada franca.
Programe-se
O quê: Projeto Overseas, direção de Paula Giusto
Quando: segunda-feira, dia 29, às 19h e 21h30min
Onde: Bloco Sede/ Estacionamento, da FSG
O quê: Aula Aberta com o jornalista e crítico de dança Carlinhos Santos. Seguido de bate-papo com Cristina Calcagnotto e Daniel Zacaron, com mediação de Gislaine Sacchet
Quando: segunda-feira, dia 29, às 19h45min
Onde: Teatro da FSG
O quê: Apresentações de fragmentos de espetáculos do Espaço Cultural Akácio Camargo, do grupo Sonidos e convidados, Ballet Margô, Quarta Parede e Processos Contemporâneos, e Work In Process — Demonstrações nas Danças Urbanas.
Quando: segunda-feira, dia 29, após a aula aberta e bate-papo
Onde: Teatro da FSG
O quê: Projeto Overseas
Quando: terça-feira, dia 30, às 19h e 21h30min
Onde: Bloco Sede/Estacionamento, da FSG
Todas as atividades têm entrada franca.