Cultura é produzida a partir do diálogo de linguagens, de formas, de técnicas e, sobretudo, de muito criatividade. Quando se trata de gestão de políticas públicas no setor da cultura é fundamental que todos os agentes sentem para conversar, trocar ideias, divergir, convergir e seguir em frente.
Já tem dia e hora para a retomada do diálogo entre produtores culturais, artistas e poder público. Porque na terça-feira (9), às 18h, ocorre a próxima reunião do Conselho Municipal de Política Cultural. O secretário não participa desde 18 de setembro de 2018. E a última vez que houve um representante da Secretaria da Cultura na reunião foi em 18 de outubro do ano passado. O encontro ocorrerá na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul e é aberto ao público.
Integrantes do Conselho têm a expectativa de que o secretário Joelmir da Silva Neto atenda à solicitação para que demandas importantes, como o agendamento da Conferência Municipal da Cultura, sejam tratadas e deliberadas. Por lei, a Conferência deve ser realizada a cada dois anos.
— Quando se fala em trabalhar juntos é estar disposto a ouvir todas as partes. Tanto da parte dele (secretário) quanto da nossa. O Conselho será parceiro de todas as boas ações da secretaria. Fomos muito parceiros na última edição do Caxias Em Cena, em que nos reuníamos sistematicamente para contribuir na organização do evento, dentro da previsão de orçamento que nos foi dada. Então, de nossa parte, existe a boa vontade do diálogo — argumenta Cecília Pozza, ex-presidente do Conselho Municipal e atual secretária da entidade.
Em entrevista ao Pioneiro, publicada na edição de quinta-feira, o secretário disse que poderia voltar a frequentar as reuniões, desde que as discussões fossem para construir, e não apenas criticar. Um pouco do mal estar a que o secretário se refere está pautado na forma com que alguns artistas têm de manifestado, seja nas reuniões, ou mesmo nas redes sociais.
— Existem questões pessoais abordadas nas reuniões e, as pessoas são livres para fazer os seus comentários, mas nem tudo é a opinião do Conselho. Mas o secretário tem levado questões pessoais como sendo a opinião do Conselho — pondera Cecília.
O que fazer diante de um impasse, que se revela pela falta de diálogo? Por que essa é a crítica de ambas as partes.
— No momento em que o secretário e seus representantes não participam das reuniões do Conselho, como vamos atuar como espera o secretário? Sem a presença deles vamos propor o quê e para quem? É importante que ele esteja lá para ouvir as propostas — defende Magali Quadros, atual presidente do órgão.
Outro tema que pode vir a estar na pauta da reunião é a previsão de orçamento para a edição deste ano do edital do Financiarte, a ser lançado até junho. Conforme Joelmir, o orçamento "não será maior do que em 2018, quando ficou em R$ 150mil". No entanto, observa Cecília, conforme a Lei Orçamentária Anual (LOA), de Caxias, prevista para este ano, consta uma rubrica de R$ 800 mil especificamente para o Financiarte. A informação está acessível no site da prefeitura, no documento Por Órgaos/Unidades - Rubrica, último item da página 25.
Para o bem comum, esclarecer, ponderar, reconsiderar, reconhecer, sugerir e alinhar, são ações que devem pautar a reunião desta terça-feira do Conselho Municipal de Cultura.
— Os artistas e produtores estão trabalhando. O festival Téti e o CineSerra estão acontecendo, temos atividades das orquestras, vem aí o Festival de Música de Rua, seguem as montagens teatrais, exposições, circulação de eventos, lançamentos de livros, trabalhos na periferia e tudo isso feito pela sociedade civil. E, claro, deve ser feito por eles. Mas esperamos da Secretaria o fomento e respeito às demandas da comunidade — observa.
Porque em última instância, entende Magali, quanto menos diálogo, maior será o prejuízo para a comunidade. Não se trata do que ganham ou perdem os artistas, ou de quem está a se beneficiar politicamente, mas efetivamente para onde vai rumar a cidade em se tratando de cultura, patrimônio e manifestações artísticas.