A Páscoa é uma das mais importantes celebrações da tradição judaico-cristã. É dentro desta perspectiva que a Orquestra Sinfônica da UCS (OSUCS) apresenta quinta-feira, às 20h30min, no UCS Teatro, em Caxias do Sul, o concerto Paixão Segundo São João, do compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750).
A regência fica por conta do maestro assistente, Diego Schuck Biasibetti. O concerto contará ainda com a participação dos solistas Andiara Mumbach (soprano), Victor Lucas Bento (contratenor), Rafael Oliveira (tenor - interpretando o Evangelista), Ricardo Barpp (baixo - interpretando Jesus) e Eduardo Linn (baixo - interpretando Pilatos). Participação especial do Coral Porto Alegre, sob a preparação vocal de Gisa Volkmann.
Mas, afinal de contas, por que a Páscoa carrega toda essa simbologia e relevância religiosa? Primeiro, dos judeus, porque se trata da epopeia do êxodo do Egito, em que o povo lutava por sair da escravidão a fim de adorar a Deus no deserto. Na noite anterior à saída do Egito, Deus disse ao povo que celebrasse o Pessach, nome em hebraico para o que traduzimos por Páscoa.
Um dos elementos importantes dessa celebração era comer o cordeiro, sem mácula, nem macha. Essa é, segundo a Torá, livro sagrado dos judeus, uma festa perpétua, a ser para todo o sempre comemorada como marco da saída do Egito.
Por outro lado, os cristãos passaram a celebrar a Páscoa quando da ressurreição de Jesus Cristo no final de semana da Páscoa judaica. Em uma analogia teológica Cristo era o Cordeiro de Deus, sem pecado, sem mácula, que se entregou em sacrifício para que o povo fosse redimido. Para esses novos crentes Cristo ressurreto é mais uma das marcas da sua divindade, por isso essa celebração não apenas testifica os aspectos teológicos, mas reforça a fé e a crença no Messias.
- Este concerto de Bach é baseado no Evangelho de São João, do nascimento à morte de Jesus. Na Europa, durante os séculos 17 e 18, os regentes e organistas compunham e tocavam esses trabalhos na igreja. Estes profissionais tinham o nome de Kantor, e Bach era um deles na sua cidade - explica o maestro assistente da OSUCS, Diego Schuck Biasibetti, formado pela Hochschule für Künste (Escola Superior de Artes, em Bremen, na Alemanha).
Biasibetti, responsável pela regência da orquestra na noite desta quinta-feira, começou na música através do acordeon. Mais tarde, passou para o coro infantil, a seguir, na Sociedade de Cultura Musical frequentou o Curso Fundamental de Música, onde aprendeu a tocar piano e violoncelo. Biasibetti é o solista principal do naipe de violoncelos da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa).
Atualmente, Bach é tratado como uma lenda, como um dos personagens mais importantes da história da música. No entanto, mesmo um homem identificado com a fé protestante, difundida da Alemanha para o mundo por Martinho Lutero, o compositor sofreu sua perseguição. Ou, conforme a simbologia cristã, Bach também carregou a sua cruz.
Na biografia Johann Sebastian Bach: The learned musician (2001, Oxford University Press), o autor Christoph Wolff cita que o compositor teria organizado e dirigido 1.500 apresentações de música sacra em sua carreira. No entanto, o Conselho Municipal de Cultura, de Leipzig, também ligado a igreja, na pequena cidade da Alemanha, taxava o artista de "pouco aplicado" e "incorrigível".
Bach estava à frente do seu tempo, porque desprendia-se da linguagem da música renascentista, como explica Biasibetti, maestro assistente da OSUCS.
- Mesmo aparecendo ao final do período do barroco, quase na escola clássica, Bach trabalhava a harmonia em função do texto, em contraposição ao renascimento, em que a composição era muito rígida e não priorizava o texto - observa Biasibetti.
Bach pontua esses momentos marcantes da história de Jesus Cristo em um diálogo poderoso entre a harmonia e a narrativa do Evangelho de São João. Bach era sensível aos contrastes. Fosse ele um pintor sua música teria extravagâncias do claro ao escuro bem definidas, mas também pontos de harmonia e fusão, seja através da textura ou mesmo do traço.
Nesta obra, em específico, essa dimensão musical é amplificada e eternizada em um dos versos mais conhecidos da narrativa cristã: "A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram conta ela"(João 1:5).
Reconhecendo ou não a Cristo como sendo a luz divina entre os homens, não há como ser indiferente a esta obra-prima da música, concebida a ferro e fogo, entre a cruz e a espada, por Johann Sebastian Bach.
Solistas
Andiara Mumbach (soprano)
Victor Lucas Bento (contratenor)
Rafael Oliveira (tenor - Evangelista)
Ricardo Barpp (baixo - Jesus)
Eduardo Linn (baixo - Pilatos)
Coral Porto Alegre
Preparação vocal
Gisa Volkmann
Maestro
Diego Schuck Biasibetti
PROGRAME-SE
O que: Quinta Sinfônica Especial de Páscoa apresenta "Paixão Segundo São João", de Johann Sebastian Bach
Quando: quinta-feira, às 20h30min
Onde: UCS Teatro (Bloco M da UCS)
Quanto: R$ 15 (estudantes e idosos), R$ 30 (plateia baixa), R$ 40 (balcão mezanino), R$ 50 (plateia) e R$ 60(camarote). Professores, funcionários e egressos da UCS têm desconto de 25% até o limite de 50 ingressos para cada modalidade.
Pontos de Venda: Loja UCS Store (Galeria Universitária), Livraria do Maneco (Centro), Pole Modas (Shopping Iguatemi Caxias), e on-line no site da TicketMais.
Informações: (54) 3218-2610