Um feixe de vime não se dobra, nem se quebra: ele resiste. Partindo dessa premissa e buscando ocupar espaços com sua arte surge o Coletivo Feixe de Vime, grupo formado para dar vazão aos trabalhos dos alunos que participaram da primeira turma do Curso Profissionalizante de Ator oferecido pela Tem Gente Teatrando (TGT), em parceria com o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Rio Grande do Sul (SATED/RS). Neste sábado (27), as atrizes Maristela Teponti, Milena Schäfer e Juli Hoff sobem ao palco do Instituto Cultural Taru para apresentar suas criações autorais, que falam da luta pela igualdade de gênero.
— O Feixe de Vime surgiu como uma forma de amarrar os resultados das aulas, para que nossos alunos se fortalecessem e não ficassem soltos na cidade, sem tanta expressividade — explica a diretora da TGT e coordenadora do curso, Zica Stockmans.
Além de temáticas feministas, o coletivo composto por 30 pessoas debate questões filosóficas e assuntos relacionados à violência infantil, à maternidade e à tortura. Zica reforça que todos as montagens dão voz a temas importantes, sendo produzidos e trazidos para a cena de forma cuidadosa e humana. Apaixonada por teatro desde os 8 anos, a estudante de jornalismo Juli Hoff, que apresentará neste final de semana o monólogo Subversivas pela 9ª vez, comenta como se deu a criação do texto:
— Ao longo dos dois anos de curso, nós tivemos formação corporal, de voz, de criação e legislação e a partir disso fomos tendo embasamento para criar algo próprio. O Subversivas surgiu no ano passado, durante a greve dos caminhoneiros. Eu me questionava porque as pessoas pediam a intervenção militar e decidi focar minha pesquisa na torturas em mulheres.
Sobre o futuro do Feixe de Vime, que está no cenário cultural local há cerca de dois meses, Zica é positiva e prevê para o grupo uma visibilidade cada vez maior:
— O coletivo já começou a dar seus primeiros passos. Acho que eles vão ter grande participação na vida artística da cidade e da região.
EM CENA
Leia a seguir a sinopse dos monólogos que serão apresentados neste sábado:
Linda de Morrer, de Milena Schäfer
O monólogo traz à luz dilemas vividos por todas as mulheres que se encontram diariamente cercadas e pressionadas pelos inúmeros padrões de beleza impostos pela mídia e pela sociedade. A peça propõe um olhar crítico sobre o que nos influencia esteticamente e até que ponto atacamos os comportamentos do senso comum na busca pelo corpo perfeito.
Invisível, de Maristela Teponti
A montagem trata da invisibilidade que adquirimos ao nos moldar aos padrões de felicidade e beleza que nos são impostos pela sociedade. O monólogo traz a voz de uma mulher que decide romper com tudo isso.
Subversivas, de Juli Hoff
O texto autoral narra histórias reais sobre como as mulheres foram tratadas nos porões da ditadura militar no Brasil. A atriz dá voz a diferentes personagens que, juntas, ilustram o tratamento dos militares no período.
PROGRAME-SE
O quê: apresentação de monólogos do Coletivo Feixe de Vime (TGT), seguido de um bate-papo com as atrizes.
Quando: sábado, às 16h.
Quanto: entrada franca.
Onde: no Instituto Cultural Taru (Rua La Salle, 933), em Caxias.
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