Zé Pretim
Quando o mineiro Zé Pretim subiu ao Hopson Stage ainda na quinta-feira, o blues ganhou cores mais brasileiras, com tonalidades que lembram a nossa zona rural e o trabalhador sertanejo. O grande trunfo do guitarrista e vocalista foi reverberar no palco sua identidade brasileira misturada à paixão pelo blues, o que resultou em versões emocionadas de canções clássicas do nosso cancioneiro, como Chico Mineiro (Tonico e Tinoco), Rio de Lágrimas (Tião Carreiro e Pardinho) e Um Violeiro Toca (Almir Sater). O caldeirão das referências de Zé Pretim se completou com Kleiton e Kledir (Paixão) e Tim Maia (Sossego), não sem passar por acordes de Bill Haley (Rock Around the Clock), Deep Purple (Smoke on the Water) e até Michael Jackson (Black or White).
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Ian Siegal
O blues do guitarrista Ian Siegal, atração que fechou o palco principal, trouxe compassos de longe. O britânico fez um show puxado para o country, com participação de músicos caxienses e de outros tradicionais participantes do festival, com o guitarrista Álamo Leal e o harmonicista Joe Marhofer (The Headcutters). Em mais uma passagem pelo MDBF (ele esteve aqui na edição passada), o músico, que tem mais de 25 anos, mostrou toda a desenvoltura que tem influência no talento dos dinossauros do blues e folk como Muddy Waters, Howlin Wolf e Charlie Patton.
Angela Ro Ro
A voz rouca e as sacadas espirituosas de Angela Ro Ro, aliadas ao fraseado blueseiro do maestro Ricardo Maccord ao teclado, cumpriram com a expectativa de entregar um show memorável às mais de 3 mil pessoas que compareceram à segunda noite do Mississippi Delta Blues Festival 2018, em Caxias do Sul. Por volta das 21h10min, quando a cantora subiu ao palco Magnolia para entoar clássicos como Amor, Meu Grande Amor, Escândalo e Simples Carinho, entre outros, cada fala, gesto ou melodia de uma das principais compositoras brasileiras fazia um pouco de história em Caxias do Sul.
André Casquilho
Outro show memorável foi o do vocalista André Casquilho e da banda Blues Groovers, no Hopson Stage, sexta. Eles abriram os trabalhos com uma ode ao blues nacional dos anos 1990, resgatando sucessos da Baseado em Blues _ banda seminal da cena brasileira, que teve André como vocalista. Na sequência, o guitarrista paulista Fred Sunwalk demonstrou todo o seu virtuosismo, mas sem deixar de lado o feeling que transbordou em versões de Purple Rain, de Prince, e Ain't No Sunshine When She's Gone, de Bill Withers.
JJ Thames
Um dos melhores shows do palco principal certamente foi o último, do último dia. A norte-americana JJ Thames foi impecável. Lotou a plateia e não deixou ninguém parado. Dona de um carisma ímpar e de uma veia pop muito aflorada, apresentou músicas de um repertório que passa por referências do gospel, do jazz, do country blues, do delta blues, do soul, do funk e até do reggae.
Pedro Strasser e Marcelo Villela
No Hopson Stage, outro ícone do festival, o baterista e saxofonista Pedro Strasser, surpreendeu (se é possível ainda dizer que o talento de Pedrão surpreende) com uma versão do hino nacional tocada em solo de bateria. Foi a abertura ideal para chamar ao palco o cantor e guitarrista carioca Marcelo Villela - um dos precursores do blues no Brasil - que levou ao palco parceiros como o gaitista Toyo Bagoso e o guitarrista Ivan Mariz para apimentar o seu show, dedicado a blues autorais e clássicos como Help Me, de Sonny Boy Williamson, e Dust My Broom, de Robert Johnson.
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Para quem não quiser esperar até o final do ano que vem, um alento: o MDBF vai estrear no Rio de Janeiro em maio. A festa em terras cariocas vai ocorrer nos dias 23, 24 e 25 na região portuária e terá conceito de Bottle Tree Edition, repetindo os moldes da decoração realizada por aqui na edição de 2016. O festival carioca, como adiantou o idealizador do MDBF, Toyo Bagoso, terá cinco palcos: Bottle Tree Stage, Front Porch Stage, Magnolia Stage, Quiosque Quase 9 e Banca do Blues.