As noções de potência e imobilidade marcaram a trajetória de Frida Kahlo (1907-1954). Reconhecida como um dos ícones do surrealismo, a pintora mexicana encontrou nas cores vivas e nos traços marcantes a superação das sequelas deixadas por um grave acidente de bonde sofrido ainda na juventude.
Esse contraponto — entre a fragilidade corporal e a força criativa de Frida — ganha destaque no espetáculo Às Vezes eu Kahlo, em cartaz na noite desta sexta (9), no Teatro Pedro Parenti, dentro da programação do 9º Caxias em Movimento. Estrelado pela bailarina-intérprete Graziela Silveira, a obra mescla o gestual contemporâneo aos movimentos típicos da dança flamenca.
A diretora da Geda Cia. de Dança, Maria Walesca Van Helden — que além da concepção também assina a coreografia e a direção-geral —, afirma que o espetáculo resgata o potencial artístico de Frida Kahlo, além de trabalhar a corporalidade feminina:
— A gente buscou fazer um trabalho que tocasse Frida Kahlo na grandeza maior dela, ao menos no meu ponto de vista, que foi a superação dos traumas físicos para transcender através da pintura. Frida transformou a imobilidade num verdadeiro poço de criatividade e esse trabalho é quase uma aventura, porque a gente fala dessa importante artista de nosso tempo de uma maneira diferente, sem aquele apelo comercial da venda de camisetas e canecas — garante Maria Walesca.
A diretora do espetáculo revela que a ideia de levar Frida aos palcos surgiu enquanto lia a biografia da pintora mexicana:
— O episódio do acidente no bonde é muito marcante na vida dela. E a dança não deixa de ser um constante acidente de renascimento. Nós passamos por alguns abismos e voltamos a dançar. A gente percebe que a própria cultura do nosso país está caindo num caos, mas a arte não vai parar de jeito nenhum. Foi essa resiliência que me levou a fazer essa obra.
Às Vezes eu Kahlo, que estreou em setembro no palco do Sesc Canoas, encerra a programação de espetáculos do 9º Caxias em Movimento — o festival termina no sábado (10) com a oficina Iniciação ao flamenco, de Uyara Camargo, no Ordovás.
Movimento: O trabalho corporal da bailarina Graziela Silveira teve orientação de Luciana Dariano, intérprete com passagem pela Europa.
PROGRAME-SE
O quê: espetáculo Às Vezes eu Kahlo, da Geda Cia. de Dança Contemporânea.
Quando: sexta (9), às 20h (duração: 40 minutos).
Onde: Teatro Pedro Parenti (Rua Dr. Montaury, 1333), em Caxias do Sul.
Quanto: entrada gratuita.
Informações: pelo telefone (54) 3901-1316.