Um dos grandes méritos da 11ª edição do Mississippi Delta Blues Festival, que se encerrou na madrugada deste domingo na Estação Férrea, em Caxias do Sul, foi equilibrar boas atrações inéditas e shows que se mostraram indispensáveis pelo sucesso que fizeram em festivais anteriores. Se um exemplo de apresentação necessária pode ser considerada a do britânico Ian Siegal, que levou sua pegada envenenada de violão ao Front Porch Stage, algumas das melhores estreias certamente podem ser consideradas o carismático violonista irlandês Gallie e a impecável cantora norte-americana J.J. Thames. No Folk Stage e no Hopston Stage, respectivamente, os estreantes garantiram a satisfação do público e a expectativa pelo 12º MDBF, com o inevitável gostinho de "quero mais".
É verdade que alguns santos de casa fizeram seus milagres. Foi notável o show da cantora caixense Fran Duarte, um tributo à diva Aretha Franklin.Antes que as atividades no palco principal começassem, Fran colocou a galera para dançar e marcar com palmas os ritmos suingados que caracterizam a soul music.Na casinha, outro que pode ser considerado "de casa", Bob Stroger, preencheu de carisma a "casinha" que há muitos anos chama de sua, o Front Porch Stage. Acompanhado dos catarinenses da The Headcutters, Bob contou com um público devoto, capaz de aclamá-lo como a lenda que é.
No Hopson Stage, outro ícone do festival, o baterista e saxofonista Pedro Strasser, surpreendeu (se é possível ainda dizer que o talento de Pedrão surpreende) com uma versão do hino nacional tocada em solo de bateria. Foi a abertura ideal para chamar ao palco o cantor e guitarrista carioca Marcelo Villela _ um dos precursores do blues no Brasil _ que levou ao palco parceiros como o gaitista Toyo Bagoso e o guitarrista Ivan Mariz para apimentar o seu show, dedicado a blues autorais e clássicos como Help Me, de Sonny Boy Williamson, e Dust My Broom, de Robert Johnson.
A noite seguiu com performances marcantes das cantoras Sonja, no Magnolia Stage, e Jes Condado e Natacha Seara, no Flea Market Stage. Ao mesmo tempo, o público recebia a chance de conferir novamente, ou pela primeira vez, atrações impactantes das noites anteriores, como a parceria do guitarrista Fred Sunwalk e da saxofonista Vanessa Collier, e o bluesman brasileiro Zé Pretim (em show mais intimista, no palco do Mississippi Delta Blues Bar).
Deixando saudades entre os mais de três mil presentes brindados com uma noite em que a chuva se retirou ainda no início da noite, o 11º Mississippi Delta Blues Festival ainda seguiu com suas últimas apresentações e as tradicionais jam sessions madrugada adentro, marcando a resistência daqueles que se recusam a aceitar o fim dos dias mais esperados do ano.
Como foi o 2° dia de MDBF:
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