Tem marca gaúcha fazendo sucesso no mercado de moda norte-americano. É a Volta Atelier, da porto-alegrense Fernanda Daudt, que recentemente brilhou na última edição da Semana de Moda de Nova York e entrou no calendário oficial da Paris Fashion Week. A grife de acessórios e bolsas, que existe há um ano, se mostrou na passarela americana com as peças de tear da estilista israelense Adi Yair, com a francesa Lâcher Prise da estilista Marine Delmau e com a marca nova-iorquina Acid NY. Essa é a segunda vez que Fernanda figura em um dos maiores eventos de moda do mundo: em fevereiro, o desfile em NY foi com as criações do caxiense Carlos Bacchi.
Mas, além de lindas, as peças da Volta Atelier carregam princípios da moda sustentável e ainda têm um cunho social pra lá de bacana - e com ligação com Caxias: elas são feitas com couro que sobra da indústria calçadista e costuradas à mão por artesãs refugiadas do Haiti, que moram na Serra. Com ajuda do Centro de Atendimento ao Migrante (Cam), de Caxias, Fernanda selecionou e treinou por dois meses haitianas para costurar as peças que agora são conhecidas mundialmente _ e vendidas em 16 pontos nos EUA:
— Sempre quis um viés social no projeto. Aí organizei os encontros, nos reuníamos toda a semana, e depois selecionamos as que tinham mais habilidade. A Maude Jules e a Artune Leveille, que já tinham trabalhado com couro ou tido alguma experiência com artesanato no Haiti, se destacaram desde o início e seguem costurando nossos acessórios.
O design das bolsas é da própria Fernanda, designer e consultora, e com experiência de 20 anos no mercado de acessórios nacional e internacional. A produção, ela explica, é feita no Brasil, no RS mais especificamente: o corte é feito no Vale dos Sinos, onde são preparados os kits de costura, que depois são enviados às casas das costureiras em Caxias. A artista hoje mora em Nova Iorque, mas viveu por uma década em Caxias.
Sustentabilidade e singularidade às peças
A Volta Atelier de Fernanda tem bolsas e acessórios e, além de utilizar o couro descartado pela indústria, usa seu próprio descarte para fabricação de modelagens menores, como carteiras e porta-fones. A preocupação com a sustentabilidade, acredita Fernanda, está cada vez mais em evidência - e muito no universo da moda.
— Questões como valor social, sustentabilidade e procedência são cada vez mais levadas em conta na decisão de compra. Seja aqui nos Estados Unidos ou no Brasil, o consumidor está cada vez mais consciente e informado. Então, mesmo com toda a concorrência, uma marca que traga esses atributos tem espaço — ressalta.
A designer e consultora gaúcha acrescenta que o Brasil hoje é visto como um país que exporta criatividade e design, mas que também passou a ser percebido como um produtor de produtos de couro de qualidade:
— É muito gratificante ver o crescimento da marca aqui e a aceitação do design sustentável produzido no meu país.
Na rede
Para conhecer (e comprar!) as peças de Fernanda, acesse: https://voltaatelier.com. A distribuição no Brasil é feita pela plataforma fashion da Amazon.