Para fazer bons e belos doces é preciso estudo e muita técnica. E isso o chef francês Christian Voiriot, que passou por Caxias do Sul nesta semana para ministrar uma oficina de confeitaria no Senac, tem de sobra. O expert tem mais de 50 anos de experiência em padaria e confeitaria e é atualmente um dos membros da Professionnels Seniors (ECTI) e também da Federação dos Confeiteiros IDF (Ilê-de-France). Voiriot preside o Sindicato dos Padeiros da Grande Paris e adquiriu bagagem em passagens por países como Alemanha, México e China. Na Serra, seu curso no Senac garantiu certificação internacional aos participantes.
Mas a trajetória do francês na confeitaria começou cedo, já que sua família sempre teve ligação com a culinária. A escolha pela profissão, então, é uma tradição que passa de geração em geração nos Voiriot.
— São quatro gerações de padeiros e confeiteiros. A cozinha sempre foi um destino que queria ter. Mas eu preferi seguir a linha da confeitaria, ao contrário do meu pai e avô, que eram padeiros. Hoje meu filho segue os meus passos e continua essa herança — conta Voiriot.
Há bastante tempo na cozinha – seja cozinhando ou ensinando – o chef acredita que o mundo da gastronomia passa por mudanças. Ele afirma que a cobrança por doces elaborados tem aumentado muito, principalmente nos grandes restaurantes. E com isso, os chefs estão buscando mais especializações para conseguir atender as demandas dos clientes:
— O trabalho na cozinha é muito centrado na entrada e no prato principal, mas isso está mudando. Cada vez mais as pessoas vão aos restaurantes esperando boas sobremesas. O gosto do cliente evoluiu. Isso nos força a mudar.
Antes de visitar o Rio Grande do Sul (ele está aqui desde setembro ministrando cursos de confeitaria em diversas cidades), Voiriot também esteve em Brasília. Por lá, conheceu um pouco mais da confeitaria brasileira e constatou que há muita diferença entre os doces feitos na França e no Brasil.
— São dois mundos diferentes por uma simples razão: os gostos dos brasileiros não são os gostos dos franceses. Hoje, na França, acredito que estejamos tentando trabalhar com produtos menos gordurosos. No entanto, aqui é outro polo. No Brasil se tem um alto teor de açúcar nas receitas — critica o chef francês.