Existe um provérbio chinês que diz que até mesmo a mais pobre das tintas é melhor que a mais afiada memória. Talvez esse desejo de guardar o que está tão latente no presente seja, justamente, ao que a arte se propõe. Mas, o que é arte? Isso é arte ou é outra coisa? Essas perguntas e inquietações são o fio condutor do projeto cultural Outra coisa, que realiza encontros em diferentes espaços da cidade para discutir as artes visuais e sua relação com o (ser) humano. Na quinta-feira, a discussão que ocorre no Alouca Café, em Caxias, vai falar sobre percepção.
A percepção, no dicionário, também pode ser lida como diagnóstico. Uma avaliação que nossos olhos fazem sobre o objeto que está em uma galeria, um teatro ou mesmo na rua. Esse olhar sobre a arte é uma ampliação de nossas percepções, uma tentativa de absorver tudo aquilo que a arte traz para dentro do nosso mundo e, quem sabe, nos comovermos com ela. Mas, se tudo pode ser arte, onde fica o limite entre a obra e o mundo material? Para o artista caxiense Rafael Dambros, um dos convidados para a conversa, a arte é uma manifestação do próprio pensamento:
— É uma forma de comunicação universal. Eu acho que as pessoas têm uma necessidade muito grande de ter uma resposta certa sobre tudo, e não é assim. É aí que se perde a percepção da arte. É isso que eu quero abordar. Às vezes essa conversa sobre arte parece ser séria demais, mas tudo que acontece ali (no Alouca Café) tem uma proposta mais leve, divertida — explica.
O que torna mais complexa a discussão sobre arte é, justamente, a questão da percepção. Por ser individual, muitas vezes ela é o catalizador de movimentos contrários à arte, como a polêmica exposição Queermuseu, banida do Santander Cultural de Porto Alegre em setembro do ano passado. Esse e outros pontos também estarão presentes na conversa:
— Quando as pessoas estão radicalmente contra alguma coisa, elas estão fechadas, não existe diálogo. O conservadorismo é fechado e isso dificilmente vai mudar. E a arte e a cultura é como o ar, é inevitável que esteja aqui. Tu pode negar a existência, mas é inevitável que não se viva com ela — pontua Dambros.
O encontro, que ocorre a partir das 19h, é gratuito e aberto a todos os públicos.
AGENDE-SE
O quê: conversa sobre arte e percepção com o OUTRA COISA.
Onde: no Alouca Café (Rua Os 18 do Forte, 2333).
Quando: na quinta, dia 23, às 19h.
Quanto: entrada gratuita.
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