Semelhante à cena que Caxias do Sul viu crescer nos últimos anos, com a repercussão nacional alcançada por grupos como Yangos, Cuscobayo e Catavento, a região Sul do Estado também tem do que se orgulhar de sua nova geração. Entre os expoentes de uma safra que tem nomes como a banda Musa Híbrida, o cantor e compositor Juliano Guerra, os primos Thiago e Ian Ramil, estão dois representantes que sobem a Serra para se apresentar no projeto Tum Tum Instrumental, neste domingo: a cantora e percussionista Paola Kirst e o quarteto jazzístico Kiai Grupo, ambos de Rio Grande. O show será no teatro Pedro Parenti, na Casa da Cultura, com entrada gratuita.
Estarem juntos no elenco de atrações da sexta temporada do Tum Tum não é coincidência. Formado em 2014, o grupo formado por Marcelo Vaz (teclado/piano), Lucas Fê (bateria) e Dionísio Souza (baixo elétrico) também acompanha Paola em apresentações e gravações. No Youtube, é possível vê-los em ótima performance numa sessão ao vivo para o canal Vapor Sessions, de Pelotas. Quando soam juntas, a pegada afrobrasileira do conjunto faz ressaltar as nuances entre o lirismo e a explosão vocal de Paola, resultando no som vibrante e envolvente que se percebe em faixas como Pão Com Mel e Crendice, ambas do repertório da cantora – que prepara o lançamento do seu primeiro álbum, com a companhia dos membros do Kiai.
– Estamos nos inserindo nesta cena faz pouco tempo. Vemos que, aos poucos, vão surgindo espaços que dão visibilidade a outras formas de expressão artística. A grande sacada é fazer esses encontros. Não necessariamente de artistas que toquem o mesmo som, mas que tenham o mesmo objetivo – analisou a cantora, em entrevista à GaúchaZH em junho.
Curador do Tum Tum Instrumental, o músico e produtor caxiense Beto Scopel destaca nas duas apresentações o jazz com forte influência afro, uma característica bastante presente na música produzida na região Sul do Estado (especialmente em Pelotas, para onde milhares de escravos foram enviados na época das charqueadas).
– É uma região que preserva muito essa questão afro. Quando recebemos no nosso edital as inscrições, tanto do Kiai quanto da Paola, nos surpreendeu a qualidade do som, sendo uma releitura de jazz muito contemporânea e muito particular. O fato deles já tocarem juntos foi uma feliz coincidência, que vai contribuir para um show ainda mais interessante. Pode provocar dúvidas ter uma cantora num festival instrumental, mas a voz é um instrumento e cada vez mais tem sido tratada assim em feiras musicais que a gente participa. A própria forma como a Paola utiliza a voz, com a sua veia jazzística, também deixa isso muito evidente – destaca o produtor.
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