Tutoriais de maquiagem e dicas de beleza nas redes estão, certamente, entre os assuntos mais buscados e mais produzidos para internet. São centenas de profissionais trabalhando com isso e buscando um caminho de sucesso como o trilhado pela gaúcha – cria de Santo Antônio da Patrulha – Alice Salazar. Quando ela começou a gravar vídeos ensinando técnicas de maquiagem, há cerca de oito anos, o cenário ainda era outro e, se hoje a maquiagem vive um boom de popularidade, ela certamente é um das responsáveis. Contando com 1,5 milhão de seguidores no Instagram, Alice também é autora dos livros De Bem com o Espelho (Belas Letras) e Do Outro Lado do Espelho (Universo dos Livros) e hoje comanda uma rentável rede de franquias que leva o seu nome. Já são 10 lojas abertas e até o fim do ano serão 30. No último dia 9, a maquiadora aproveitou para conhecer a Alice Salazar Store caxiense e reuniu dezenas de fãs. Alice também arrumou um tempinho para conversar com o Pioneiro sobre beleza, negócios, comportamento e outros assuntos.
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Alice Salazar recebe fãs em Caxias
Pioneiro: Comenta um pouco como é esse contato com os fãs, imagino que muitos se sintam teus conhecidos, íntimos. Esses momentos de encontro devam ser muito bacanas...
Alice Salazar: É exatamente isso que tu falaste, por eu estar há tanto tempo no YouTube e por eu ter um público meio fiel, que me acompanha, a gente cria uma amizade. Então, quando a gente se vê, meio que parece mesmo que a gente se conhece há bastante tempo, elas criam uma expectativa também. Mas eu tenho uma reciprocidade muito grande em relação a isso, eu conto com elas, eu penso às vezes “Meu Deus, se acontecer alguma coisa com a minha família, eu sei que vou escrever e vou receber um monte de apoio”. Então, da mesma forma que elas pegam alguma coisa de mim, eu também conto com elas. É muito bom, e ao vivo é uma delícia, tem muito abraço, algumas choram (risos), é muito bom.
E você recebe muito feedback sobre pessoas que tiveram alguma mudança na vida por conta da descoberta da maquiagem, por meio do seu trabalho?
Tem muitas histórias de pessoas que aprenderam a se maquiar e aí vem muito a questão da depressão. Se você digitar dentro da minha caixa de entrada a palavra “depressão” na busca, aparece um monte de e-mails nos quais as pessoas falaram nisso. Muita gente comenta que saiu de uma situação difícil de depressão assistindo aos vídeos, óbvio que eu nunca linco como cura de nada, longe disso, mas se elas falam isso é porque ajudou de alguma forma. Pode ser porque é uma companhia ou porque a pessoa aprendeu a se maquiar e passou a se gostar, ajudou porque levantou o casamento, a pessoa começou a se achar mais bonita... Também tem um outro lado que muita gente vem e me diz que virou maquiadora por minha causa, então, tem um lado de aprender a se maquiar e um lado profissional também. Isso é uma coisa muito importante para mim, eu vejo que, de alguma forma, elas se inspiram.
Tu foste uma das precursoras, hoje em dia os tutoriais de maquiagem são comuns nas redes. Como enxergas essa proliferação dos youtubers de maquiagem?
Tudo tem um lado negativo e um positivo, sempre. É óbvio que pelo fato de ter tanta gente e nem todo mundo ser qualificado cria um preconceito que faz as pessoas dizerem “ah, tu é blogueira”, tipo, tu faz qualquer coisa e não faz nada. A gente tem uma vida super profissional, faz planejamento, a gente sabe tudo que deu certo no mês passado, quando vai pensar nos vídeos, daí refaz os temas que deram certo de outra forma. Só que só vai se destacar quem conseguir se destacar (risos), quem levar isso a sério. Tem muita gente que fala que quer fazer um canal e fica “ah, sobre o que eu faço?”. Não é assim, não é essa a ordem correta das coisas. A ordem é: eu seu falar sobre determinado assunto, sou bom nisso, então vou abrir um canal para dividir meu conhecimento. Por outro lado, o YouTube e todas as redes sociais deram voz a pessoas que não iam poder se destacar se não fosse por ali. Antes era só rádio, TV e jornal e seus artistas. Fico pensando, se não houvesse a internet, em que momento uma pessoa choraria de nervoso ao encontrar uma maquiadora, ou se deslocaria de sua casa para ver uma maquiadora. Nisso a internet contribuiu demais, em agregar valor a profissões que antes não eram vistas desta forma. Está aparecendo muita gente boa também. Uma vez para achar uma maquiadora boa na tua cidade era um problema, hoje você abre o Instagram e já aparecem muitas. Justamente porque elas têm a oportunidade de aparecer, de mostrar seus trabalhos.
O que tu achas que captou tantos os fãs e fez dos teus vídeos sucessos de visualizações?
Lá no começo eu era super séria, nos primeiros vídeos. Mas daí comecei a falar algumas coisas sem querer, botar alguns “caquinhos” e vi que começou a dar muito certo. Daí saquei que as pessoas gostavam daquilo. Lembro de um vídeo da Julia Petit uma vez no qual ela disse algo como “ai Meu Deus, esse cabelo cresce que nem um capim” e eu achei super legal aquela bobagem que ela falou. Então pensei em começar a ser mais eu nos vídeos e, desse momento em diante, parei até de ficar nervosa em eventos e gravações. Porque quando tu estás montando um personagem, é muito fácil de descer do pedestal a qualquer momento, mas quando é tu mesmo, rola muito mais aproximação e verdade.
Como rolou a transição da Alice youtuber para a Alice empresária e empreendedora das lojas com teu nome?
Foi bem orgânico, foi acontecendo, tudo muito natural, mas lógico que não deixei as oportunidades escaparem. Tudo começou quando um químico me mandou uns produtos e eu já tinha a ideia de lançar uma linha de maquiagens com meu nome. A partir disso, começamos a conversar. Depois da linha de cosméticos, as coisas foram avançando para esse lado e, ano passado, lançamos as franquias. Acho que dá para dizer que foi de forma natural, mas aproveitando as oportunidades que vieram para mim, podia ter ficado com medo, mas aproveitei.
Muito tem se falado sobre a valorização de uma beleza real da mulher, a maquiagem pode ser uma aliada nesta busca?
A maquiagem entra para ajudar a mulher a ficar mais bonita realmente (risos) e melhorar o que a mulher tem de mais bonito. Quando a pessoa não tem beleza mesmo, por mais maquiagem que tu coloques, ela fica mais bonita, mas não vai mudar tanto, só se tu fizeres uma caracterização de cinema. Essa coisa da mulher real vem de uma tendência de desfile, vem de fora, mas acho muito fácil para quem dita moda, ditar moda para modelo, que vai ficar alguns segundos só na passarela. Se você precisa de uma maquiagem que dure oito horas é diferente. A gente não é tão bonita quanto modelo, então a gente tem mais coisas para corrigir, mais olheira, porque faz comida em casa, tem filho para cuidar, a gente tem muita coisa pra fazer. Na modelo, se tu fizeres qualquer coisa, vai ficar bonita. E se ela ficar exótica, também vai estar valendo para a passarela. Então vem muito disso, eu acho. Assisti muitos backstages de desfiles e eles não têm muito tempo para fazer maquiagens elaboradas, daí ditam uma coisa mais natural até para poder ser mais prático.
Em que momento você curte ficar sem maquiagem? Imagino que role uma cobrança grande por parte dos teus fãs aos te encontrarem?
Rola uma cobrancinha, até de mim mesma, eu não gosto de encontrar alguém e estar sem maquiagem, até porque as pessoas pedem para tirar foto e tudo mais. Mas também não sou exagerada, se eu estou em casa e não tenho nenhum evento, óbvio que fico sem maquiagem. Não me maquio para não fazer nada. Às vezes dou umas voltas perto de casa e não boto maquiagem também. São Paulo é muito pulverizada, moro lá hoje em dia e não tem tanta gente que me para. Nos outros estados é mais comum.
Quais são teus itens essenciais de maquiagem, aqueles que nunca faltam na bolsa?
Para uma maquiagem completa não pode faltar base, pó, corretivo, batom, blushzinho e um rímel. Depois tem os extras, iluminador, curvex. Ah, e tem a sombra marrom. Com uma pele bem bonita, uma máscara e um côncavo marrom, tá para lá de bom. Mas é claro que minha nécessaire tem bem mais que isso, é enorme (risos).