Desde a última quinta-feira, com o início da Copa do Mundo, os olhos do planeta estão voltados para a Rússia. Então que tal aproveitar que o país-sede da Copa é assunto em todas as rodas e conhecer um pouquinho da literatura russa? Fomos procurar um especialista na área, o professor João Armando Nicotti, para que ele desse algumas dicas para os leitores. Ele começa com um autor essencial:
— Fiódor Dostoiévski é nome fundamental para o leitor compreender a psicologia de um mundo fundamentado nos interesses subterrâneos dos homens e suas psicologias — diz, indicando obras como Crime e Castigo, Um Jogador e A Dócil.
Para o iniciante na literatura russa, além de Dostoiévski, ele destaca que outro nome importante é Liev (Leon) Tolstói, com A Morte de Ivan Ilitch. Para os leitores com maior fôlego, sugere, do mesmo autor, Anna Kariênina. Àqueles que querem começar com contos, o professor indica os de Anton Tchékhov, em especial um volume com tradução de Boris Schnaiderman intitulado A Dama do Cachorrinho e Outros Contos.
— Por fim, um conto e uma peça de teatro de Nikolai Gógol, respectivamente, Diário de um Louco e O Inspetor Geral. Para quem aprecia literatura contemporânea, O Ofício, de Serguei Dovlátov.
Para Nicotti, a literatura russa do século 19 também apresenta nomes obrigatórios para a formação de um leitor qualificado, como Aleksandr Púchkin ("Há contos como O Chefe da Posta e A Dama de Espadas que são fantásticos"), Nikolai Gógol, Iván Turguêniev (com o romance niilista Pais e Filhos), Dostoiévski, Ivan Gontcharóv (o romance Oblomóv), Tolstói (Guerra e Paz), Nikolai Leskov (Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk), Tchékhov ("com seu teatro desconcertante A Gaivota, As Três Irmãs e O Jardim das Cerejeiras").
Do século 20, ele destaca os escritores Varlam Chalámov "e seus reveladores e angustiantes Contos de Kolimá", Borís Pasternak (Doutor Jivago), Leonid Andréiev (Os Sete Enforcados), Vladímir Korolenko (O Músico Cego) e Mikhaíl Bulgákov (O Mestre e Margarida). Na poesia do período, cita Vladímir Maiakóvski, Anna Akhmátova e Marina Tsvietáieva.
Nicotti aconselha a ler edições que tiveram a tradução diretamente do russo.
BONS AUTORES CONTEMPORÂNEOS:
Anos 1920 a 1950:
- Leonid Dobytchin (Encontros com Liz e Outras Histórias)
- Fiódor Sologub (O Diabo Mesquinho)
- Daniil Kharms (Os Sonhos Teus vão Acabar Contigo)
A partir dos anos 1960, na poesia:
- Iossif Brodski
- Viatchesláv Kupriyánov
A partir dos anos 1960, na prosa:
- Andrei Kurkov (A Morte de um Estranho)
- Leonid Tsípkin (Verão em Baden-Baden)
- Vladímir Sorókin (Dostoiévski-Trip)
- Friedrich Gorenstein (Salmo)
- Serguei Dovlátov (O Ofício)
OS SETE MAIS
Os livros que o professor considera "recomendadíssimos":
- Memórias do Subsolo (Dostoiévski)
- Os Irmãos Karamázov (Dostoiévski)
- A Morte de Ivan Ilitch (Tolstói)
- Almas Mortas (Gógol)
- O Mestre e Margarida (Bulgákov)
- Guerra e Paz (Tolstói)
- Poemas de Púchkin