Ao passo que a arte contemporânea, inclusa de forma quase irreversível no mercado tecnológico, busca cada vez mais um elo entre política e subjetividade, ela também se abre a novas formas e experiências. Explodindo em enquadramentos e recortes sociais cada vez mais diversos e buscando aproximar culturas antes distantes, esse movimento, ainda pouco entendido pelo público, partilha hoje de um espírito comum: criar um paralelo entre arte e atualidade. É justamente esse o objetivo da exposição Um Olhar Acadêmico sobre o Amarp: Novas Mediações, Novas Percepções, que abre nesta sexta-feira, na Sala de Exposições do Centro de Cultura Ordovás, em Caxias.
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Almanaque: arte em xeque
Montada por meio dos olhares e vivências de acadêmicos do curso de Artes Visuais da UCS e com curadoria de Silvana Boone, a mostra tem como objetivo proporcionar um olhar experimental sobre 15 obras que integram o Acervo Municipal de Artes Plásticas (Amarp), ressaltando o valor cultural de cada uma. Segundo Mayara Linhar, responsável pelo grupo de curadoria, a intenção é clarear a visão do público sobre o que é arte e como ela nasce no cenário contemporâneo:
— Vemos que o público em geral tem muita dificuldade em entender o que é a arte hoje. As pessoas dizem: "Isso é arte? Mas eu poderia fazer isso". Elas estão muito acostumadas com o sistema clássico, renascentista, que prezava o que era bonito e agradável. Não conseguem identificar que a base de hoje não é a plasticidade, mas a ideia mental por trás da obra.
A exposição integra a programação local da 16ª Semana de Museus, que tem neste ano o tema Museus Hiperconectados: Novas Abordagens, Novos Públicos. Conexão importante, uma vez que algumas obras apresentadas pelo Amarp carregam não apenas o significado próprio de cada uma, mas também uma relação histórica entre o momento em que foram criadas e as configurações do mundo atual.
— A arte é algo maravilhoso para entender a cultura de outro lugar, para ser mais empático com as pessoas. Se tu estás vendo aquilo, estás entendendo um pouco do que aquela pessoa estava pensando no momento da criação, um pouco da vivência dela, do que ela já passou. Foi isso que procuramos trazer aqui — explica.
Vale lembrar: as obras do Acervo Municipal de Artes Plásticas ficaram encaixotadas por cinco anos, de 2005 a 2010, até ganharem uma sede, no próprio Ordovás.
PROGRAME-SE
O quê: exposição Um Olhar Acadêmico sobre o Amarp: Novas Mediações, Novas Percepções.
Onde: na Sala de Exposições do Centro de Cultura Ordovás (Rua Luiz Antunes, 312).
Quando: abertura nesta sexta, às 19h; visitação de segunda a sexta-feira, das 9h às 22h, e aos finais de semana e feriados, das 16h às 22h, até 3 de junho.
Quanto: entrada gratuita.