O título, Solar, é praticamente autoexplicativo para definir a atmosfera que envolve o primeiro trabalho solo do cantor e compositor Teco Martins – e que ele lança em Caxias com show neste domingo, no Atillio’s. De fato, a estética sonora do disco remete muito à roça do interior de São Paulo, onde o músico mora, e onde boa parte do disco foi concebida. Estão ali a natureza, os bichos e a ode à simplicidade, como uma paisagem clara e quente que abraça o ouvinte logo na primeira faixa. O “chamado” da positividade e do autoconhecimento foi atendido por Teco há muito tempo – ele vive numa casa conhecida pela prática de rituais xamânicos, por exemplo – mas Solar carrega essa missão de forma mais autoral e corajosa, trazendo recados importantes para os nossos tempos de caos e violência.
– A atmosfera que gostaria de transmitir é de um mundo com imaginação, com cores, olhando os milagres da vida, então, a poesia é bem calcada na natureza mesmo, em imagens, como se fossem ilustrações, quadros vivos. (...) No final do processo, para cada música, a gente colocou a frequência de cura de algum chacra e também mantras, então acho que a atmosfera do disco passa por tudo isso. A ideia mesmo era fazer pílulas medicinais em cada música. Que cada pessoa que colocasse a música no ouvido tivesse uma forma de cura, mais esperança, mais alegria de viver e mais saúde – conceitua Teco.
Para embalar toda essa intenção, Solar evoca um rico trabalho de pesquisa em música brasileira de raiz. Teco é fã da música caipira de artistas como Tião Carreiro & Pardinho, Almir Sater e Xangai. Mas dosa isso tudo com música do Pantanal, do interior da Bahia, etc. É como se o balanço de Alceu Valença encontrasse a ancestralidade de uma tribo indígena.
– Eu venho buscando o máximo da raiz possível. Nos últimos tempos, as coisas que eu mais ouço são cantos de nações indígenas, é muito rico e intuitivo. Também ouço muito pontos de umbanda e candomblé e hinários de Santo Daime do povo da floresta – lista ele.
Mas todo esse clima iluminado de Solar também foi questionado pelo músico. Bem-sucedido no processo de crowdfunding pelo qual foi financiado – o projeto alcançou 121% de sua meta inicial –, o disco também carrega o frio de Berlim impresso em suas criações. Metade do álbum foi produzida por lá, num inverno rigoroso de apenas quatro horas de sol por dia e ao lado de gente que não entendia uma palavra do que as canções revelam.
– Foi importante para ver o disco sob uma nova ótica e somou muito. A música Ir e Voltar, por exemplo, é do meio das neves mesmo. O disco tem umas coisas do inverno, da dor e do amargo, porque é importante, é essencial para o todo – pontua Teco.
Essa dualidade interessante de Solar poderá ser conferida praticamente em todo o país, já que o músico tem viajado literalmente de Norte a Sul. A turnê Do Oiapóque ao Chuí, que chega em Caxias domingo, vai passar por 80 cidades.
– É o melhor que posso oferecer para o mundo no máximo de lugares possíveis – festeja.
Programe-se:
:: O quê: show de Teco Martins, lançando o álbum Solar. Abertura com Luciano Melo.
:: Quando: neste domingo, às 20h.
:: Onde: Atillio’s 86 (Rua Vinte de Setembro, 1.522, em Caxias).
:: Quanto: na hora R$ 17.
Escute o disco: