O novo espetáculo da Cia. Municipal de Dança coloca o corpo de bailarinos em cena durante tempo integral. Eles não se dividem e não há performances tipo solo, permanecem juntos, conferindo um caráter de coletividade ao espetáculo Contos de Falta. Com sessões neste sábado e domingo no Teatro Pedro Parenti, o trabalho tem essa característica também por ser resultado da união dos anseios que movimentam o grupo atualmente.
— O que a gente fez foi unir nossas fragilidades para criar uma potência. Toda a forma de trabalho da companhia atualmente está sendo feita com colaboração, no sentido dos bailarinos trazerem suas questões e a gente conversar sobre isso e entender os caminhos por onde isso pode ir. A direção geral e artística é minha, mas mediando os desejos de todos junto com os meus desejos — conta Andrea Spolaor, coordenadora artística da Cia. Municipal de Dança.
A montagem marca o início da temporada 2018, ano de comemoração dos 20 anos de trajetória da Cia. de Dança. Contos de Falta trabalha com metáforas para abordar questões que angustiam, causam vazios e permeiam os seres da contemporaneidade. Mas, nesse caso, a obra não carrega o mesmo peso que o tema que a inspira. Pelo contrário, os movimentos coletivos dos bailarinos da Cia. de Dança propõem uma saída, um escape, um suspiro de "ufa, vai passar". Nesse universo também mora o tema do espetáculo: "quando tanta coisa falta, ter com quem compartilhar profundidades é completude".
— Apesar de falar de questões que podem ser pesadas, a gente fala de uma forma leve. Entendo que o mundo já está tão tão pesado e reforçar isso em cena talvez seja o motivo pelo qual a dança contemporânea não tem ganho público. Eu acho que foi nosso interesse colocar questões profundas de uma forma que chegue ao público, e de um jeito que os bailarinos tinham vontade de lidar há muito tempo. No final das contas, é como se agente se olhasse e dissesse "sim, é possível a leveza, é possível tornar as coisas melhores, ser feliz, é possível uma série de coisas" — conceitua Andrea.
Essa roupagem positiva busca reforço na trilha sonora eleita para o espetáculo. Thiago Ramil, amigo pessoal de Andrea, emprestou as canções de seu primeiro — e ensolarado — disco para embalar os movimentos dos bailarinos. Apenas três das 12 músicas de Leve Embora (indicado ao Latin Grammy de Melhor Álbum Pop) não estão em Contos de Falta. A dança contemporânea da Cia. Municipal encontra profundidade nas melodias tranquilas do compositor. O mais bacana é que essa sintonia será conferida de forma bem orgânica, já que Thiago fará a trilha sonora ao vivo nas duas apresentações.
— Além de músico, o Thiago é um poeta, é bem imagético, e ajudou muito a construção do trabalho. Durante o processo, a gente não pensou muito nas letras, a sonoridade já diz muito e no final das contas tudo casou. A gente fala das mesmas coisas, temos a mesma visão de mundo — festeja a coordenadora.
A união de intenções também está no conceito do figurino, criado pela caxiense Fran Hermoza em parceria com Juliano Rossi (da Muié Colores), responsável pelas estampas. A coleção ganhou o nome de Cromoterapia, traduzindo o conceito do espetáculo em peças cheias de movimento e fluidez.
Abertura
Tanto no sábado como no domingo, a abertura de Contos de Falta será com o espetáculo Fronteiras, apresentado por Andrea Spolaor em parceria inédita com o bailarino Rui Moreira, bailarino que tem trajetória marcada por sua participação no icônico Grupo Corpo.
Programe-se
:: O quê: espetáculo "Contos de Falta", da Cia. Municipal de Dança.
:: Quando: neste sábado e domingo, sempre às 20h.
:: Onde: Teatro Pedro Parenti, na Casa da Cultura (Rua Dr. Montaury, 1.333).
:: Quanto: um quilo de alimento.
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