No dia seguinte a um grande baile em sua mansão, o ministro Mauricio Valls desaparece misteriosamente. A jovem Alicia Gris, uma investigadora eficiente e solitária, é chamada para investigar o caso, em segredo. A unica pista é um livro misterioso encontrado na escrivaninha de Valls — que, antes de ingressar na política, foi diretor da prisão de Montjuic, onde torturou, entre outros, Fermín Romero de Torres e os escritores malditos David Martín e Victor Mataix.
Essa é a trama de O Labirinto dos Espíritos (Suma de Letras, 680págs., R$ 69,90) do escritor espanhol Carlos Ruiz Zafón. O romance é o quarto e último volume do ciclo do Cemitério dos Livros Esquecidos, iniciado em 2001 com o sucesso mundial A Sombra do Vento e que inclui ainda O Jogo do Anjo e O Prisioneiro do Céu. O Labirinto dos Espíritos chegou ao Brasil somente no ano passado, cinco anos após o volume anterior.
Nessa obra, que entrelaça as tramas das três anteriores, os leitores vão reencontrar personagens como Daniel Sempere, protagonista do livro inicial, e Fermín Romero de Torres, além de decifrar mistérios e pontas soltas que ficaram fos romances anteriores. Mas a protagonista é mesmo Alicia, cujos caminhos vão se cruzar (a partir da metade da história, mais ou menos) com os de Daniel e Fermín. Jovem que ficou órfã durante a guerra, ela cresceu nas ruas e foi resgatada pelo chefe de uma espécie de serviço secreto.
Uma curiosidade é que o livro que Alicia encontra e que dá a pista da trama se chama, também, O Labirinto dos Espíritos. Esse é um expediente que já havia sido utilizado por Zafón em A Sombra do Vento, em que Daniel, então com 10 anos, encontra um livro justamente com esse título no Cemitério dos Livros Esquecidos.
E qual a ligação de Alicia com tudo isso?
Bem, quando ela era criança, durante a Guerra Civil espanhola, ela estava fugindo de um bombardeio com um amigo da família (que vem a ser Fermín) e, atingida pelos destroços de uma bomba, aterrissou justamente no Cemitério dos Livros Esquecidos.
Um ponto interessante é que, diferentemente dos volumes anteriores (especialmente se comparado a O Jogo do Anjo), O Labirinto dos Espíritos tem bem menos elementos, digamos, sobrenaturais. Mas as intrigas, reviravoltas e ligações intricadas entre os personagens permanece, prendendo a atenção do leitor pelas quase 700 páginas da obra.
Uma boa leitura para começar neste final de semana, com calma. Porque, quando você perceber, vão ter passado horas e você vai estar lá, mergulhado na Barcelona dos anos 1930 a 1950...