As semanas que antecedem viradas de ano são as mais movimentadas na agenda da taróloga caxiense Eunice de Oliveira. A busca por respostas para planos que não deram certo no ciclo que passou ou os atalhos para a prosperidade no ano seguinte, no entanto, não deveria ser a principal preocupação de quem recorre ao auxílio das cartas ou outros “conhecimentos oraculares”, como denomina a taróloga. Contrária a previsões que só contribuem para uma visão simplista de sabedorias milenares, Eunice ressalta que passagens de ano podem ser melhor aproveitadas como momentos para revisões de objetivos pessoais e das estratégias para alcançá-los, sem perder de vista o próprio protagonismo no processo.
— A mudança de ano está dada na nossa cultura. Chega ao final desse tempo e a gente começa a se questionar se ganhou ou perdeu dinheiro, se engordou ou emagreceu, se fez a viagem que queria fazer. Sempre se faz algum balanço e se projeta uma intenção para o ano que vem, mas isso fica muito periférico. A importância do tarô é trabalhar estes projetos no âmbito pessoal, mostrando o que se levanta na tua linha pessoal e o que está na tua perspectiva, trazendo aspectos materiais, psicológicos, emocionais, transcendentes e de intenções que estejam no teu projeto. Acho legal que exista a pessoa que queira saber qual cor de calcinha usar, quantas ondinhas pular, mas eu prefiro sugerir que essa época seja utilizada para um olhar um pouco mais interiorizado para as questões basilares da vida — destaca.
Concordando com a linha de muitos astrólogos modernos com relação à regência planetária, a taróloga considera que também não é atribuição das cartas ser um jogo de adivinhações e oferecer previsões objetivas:
— A função do tarô é ser um instrumento de autoconhecimento, que tem como objetivo qualificar as estratégias de vida. Acredito que o instrumento oracular não pode me deixar confortável na minha atual situação, mas sim me instigar a agir melhor, pensar melhor, sentir melhor. Se eu der uma previsão, isso vai condicionar a pessoa a atuar a partir dela e eu irei destituí-la da capacidade de fazer outras escolhas.
Para o ano que se anuncia, mas valeria para qualquer outro, Eunice recomenda que o jogo da vida seja jogado com atenção aos nossos valores individuais basilares e a forma como os lançaremos ao coletivo em que nos inserimos:
— O jogo da vida tem três objetivos principais. O primeiro é ser feliz. O segundo é servir amando e amar servindo. Todos temos coisas a oferecer ao mundo e esses dois verbos traduzem isso. O terceiro é evoluir, pois não entramos nesse jogo para sair da mesma forma. Escolhendo o conhecimento oracular que for, o mais importante é que ele possa nos ajudar a dar conta destas questões fundamentais.