O teatro popular é o lar artístico de Cristian Beltrán. Primeiro, ele buscou formação acadêmica na área, realizada no Chile, seu país natal. Agora, o objetivo é rodar a América Latina para exercitar a observação e entender qual tipo de arte se produz em cada lugar.
Tudo isso servindo de inspiração para aprofundar o formato de comunicação popular que ele busca. Vivendo há dois anos em Caxias e há quatro no Brasil, o ator conta que o espetáculo O Ninguém tem tudo a ver com sua experiência no país. O monólogo terá apresentações em Caxias do Sul amanhã, sábado e domingo, no teatro Moinho da Cascata.
– Embora tenha trabalhado muito sério no texto para torná-lo universal, vejo que tem muito a ver com o Brasil e com Caxias, pois observo que a diferença entre as classes por aqui é muito forte – comenta Beltrán.
Os abismos que separam as classes sociais são, justamente, a temática que o ator busca em cena. No palco, Beltrán vive quatro personagens, entre eles, o protagonista Tonto. Ele está sendo perseguido e não sabe a razão.
– É uma fotografia sobre os comportamentos sociais e sobre o quão abandonados estamos – adianta.
Além de Tonto, Cristian também dá vida ao Inspetor (aquele que persegue), ao dono do mundo Raimundo (aquele manda perseguir) e ao Santo Jaime, uma representação do mundo espiritual.
A diferenciação entre cada personagem é também reforçada pelo uso de máscaras, que fazem alusão a conceitos da commedia dell’arte.
– Apesar de usar esses estereótipos da commedia dell’arte, O Ninguém não é uma comédia, só se for uma comédia trágica – pondera Beltrán, que também buscou referências na poesia de sua terra natal por meio da obra de artistas como Violeta Parra e Victor Jara.
Beltrán se envolveu em todas os processos do espetáculo, assinando o roteiro, os figurinos e até mesmo a trilha (com produção de Beto Scopel) de O Ninguém.
– Quero mostrar o ator como a pessoa que constrói o todo – justifica Beltrán.
A direção, no entanto, ficou por conta do cineasta Pedro Nora, que aceitou o desafio de conceder uma "visão mais cinematográfica" à peça.
Agende-se
O quê: espetáculo de teatro de máscaras O Ninguém.
Quando: neste sexta, sábado e domingo, sempre às 21h.
Onde: Moinho da Cascata, na sede grupo Ueba (Rua Luis Covolan, bairro Santa Catarina).
Quanto: ingressos antecipados a R$ 20, à venda na Do Arco Da Velha Livraria e Café. Artistas, estudantes e idosos pagam R$ 10.