A noite desta quinta-feira no bar e restaurante Zanuzi será de nostalgia para os mais experientes e descobertas para os mais jovens, que pela voz da cantora Clara Escobar poderão recordar ou conhecer canções que marcaram época na Caxias do Sul do final dos anos 1960.
À época, a caxiense era uma adolescente que assistia da plateia do antigo Cine Real as músicas que eram interpretadas nas três edições do festival Concaxi (1967 a 1969), que ocorria no mesmo período em que o Brasil celebrava a sua música popular nos festivais da Record. Hoje, aos 69 anos, Clara estreia em disco com Lírios Brancos, que além de prestar tributo a compositores locais, traz canções em espanhol que a remetem às duas décadas em que viveu em Montevidéu, capital uruguaia.
Cantora desde os nove anos, quando fazia parte do coral do colégio Nossa Senhora de Lourdes, de Farroupilha, Clara conta que ainda na infância conheceu Elis Regina, que aos 13 anos se destacava no programa de rádio Clube do Guri, de Ari Rêgo, do qual o coral serrano também participava.
– A gente cantava aquelas músicas em diversos idiomas, e a Elis, que aos 13 anos já tinha uma luz muito grande, me dizia que eu precisava cantar música brasileira – recorda a cantora.
Os primeiros versos que Clara cantou em português foram as músicas dos compositores revelados no Concaxi, como Luiz Savian e os irmãos Edgar e Fernando Ferretti, percorrendo a cidade em serenatas feitas pelo saudoso Quarteto Babel. Algumas dessas músicas estão presentes no disco, como Minha Cidade, de Fernando Ferretti, e Abrigo, de Edgar Ferretti.
Com a carreira marcada por participações em produções culturais da cidade e shows com amigos e incentivadores como o tradicionalista Xiruzinho, Clara Escobar tem em Lírios Brancos a primeira oportunidade de registrar em estúdio o seu talento como intérprete.
Viabilizado com recursos do Financiarte, o disco traz um time pesado de instrumentistas, entre eles o acordeonista Rafael de Boni, o tecladista Graziano Anzolin, o baixista Gustavo Viegas e o violonista Lazaro Nascimento, que também assina a produção do álbum. A mixagem e masterização são de Daniel Ferretti, o Dan, músico e filho de Clara.
– Estou realizada por poder resgatar as músicas de amigos que marcaram um momento muito importante para a história de Caxias, mas cuja memória foi apagada, principalmente após o incêndio que consumiu o acervo da Rádio São Francisco (que promovia o Concaxi). Só posso agradecer a todos que me ajudaram a tornar esse projeto realidade – emociona-se.