Formada em 2003, a banda caxiense Zava acaba de assinar seu marco zero. Conatus, álbum que o trio lança oficialmente neste domingo, assume papel norteador ao mesmo tempo em que reverbera cerca de quatro de anos de pesquisas, maturações, tentativas e aprendizados. Justamente por carregar a marca autoral dos integrantes em todas as etapas (da pré a pós produção), o disco se transforma numa obra internalizante, soando como um berro com timbre próprio.
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— A gente se propôs a fazer tudo por contra própria, compôs, pré-produziu, gravou, mixou e masterizou os sons. Nós três temos trabalhos paralelos, então acabava se tornando um terceiro turno. Foi tudo na tentativa e erro, a gente aprendia coisas em tutoriais da internet, pedia dicas aos amigos. Foi bastante suado, um desafio pessoal — diz o vocalista e guitarrista João Peres, que integra a Zava ao lado de Daniel Antoniazzi (baixo) e André Quadros (bateria).
Gravado em estúdio próprio e de forma completamente independente, Conatus teve lançamento nas plataformas digitais em agosto. Neste domingo, a Zava celebra o trabalho a plenos pulmões no território que mais domina: o palco. Ao vivo, os músicos pretendem dar às canções a mesma energia transmitida no disco. No entanto, esse é um álbum para ser consumido aos poucos. Conatus requer atenção de quem o escuta por conta, principalmente, do caldeirão filosófico que propõe por meio das letras. As referências passam pela submissão do homem comum apontada por Wilhelm Reich (na música Em Círculos), pelo conceito de simulacro definido por Jean Baudrillard (em Caos Edificante), e passando pela modernidade líquida de Zigmunt Bauman (uma das inspirações para a capa do disco), e citando frase famosa de Jean-Paul Sartre (em ¡Adiós!). Há ainda bons olhares críticos sobre o contexto social e político atual.
— A gente sempre prezou muito pela letra, pela mensagem, especialmente com relação ao Conatus. Acho que é um disco que demanda um pouco mais de atenção, até eu quando escuto de novo acabo dando outras interpretações às letras — comenta João, principal compositor da banda.
Casando com as letras, a sonoridade do disco oscila momentos mais barulhentos com desacelerações estratégicas, angústias e alívios. As divisões de tempo diferentes são uma característica marcante do math rock (ou rock matemático), um dos subgêneros do rock que mais influencia a banda.
— É um rock angulado, com várias divisões — resume o vocalista, acrescentando o grunge e o stoner no leque de referências sonoras.
PROGRAME-SE
:: O quê: Rock'n Brew, com shows da banda Salve Jurema, de São Marcos; e Zava, de Caxias (lançando o disco Conatus).
:: Quando: neste domingo, a partir das 14h. Shows são às 15h e 16h30min, respectivamente
:: Onde: Fabbrica Complexo Cultural e Gastronômico (Rua Nelson Dimas de Oliveira, 11)
:: Quanto: entrada franca.
:: Festa: a tarde no Rock'n Brew será regada pelos rótulos artesanais da Cervejaria Salvador.
:: Conatus: os primeiros 40 exemplares do disco estarão à venda no dia do show pelo valor de R$ 15. Escute o disco aqui.