Em 1985, Margaret Atwood escreve uma distopia que se passa num futuro bem próximo, bem próximo mesmo, aos nossos dias de agora. O ambiente é o seguinte: um Estado teocrático, militar, totalitário, ditatorial, vigilante, punitivo. Isso quer dizer que o governo submete suas ações políticas, jurídicas e policiais às normas de uma religião e o controle é exercido por uma única representação, que não delineia limites à sua autoridade e, dessa forma, regulamenta todos, eu disse todos, os aspectos da vida pública e privada. Na história de Atwood, as mulheres são propriedade do governo, e dos homens. Algumas são tratadas como animais para reprodução. Essas, chamadas aias, são repetidamente estupradas para que possam gerar os filhos dos comandantes da fé e, uma vez que o sexo, o prazer e o desfrute estão proibidos, casais não podem transar normalmente. Não há arte. Não há divertimento. Mas há um policiamento intenso sobre o pensamento crítico. As retaliações e punições são apedrejamento, mutilação e morte, tudo, é claro, com exposição para que sirvam de exemplo.
Opinião
Natalia Borges Polesso: O conto da aia
Na história de Atwood, as mulheres são propriedade do governo, e dos homens
Natalia Borges Polesso
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