Impossível imaginar o Festival de Cinema de Gramado sem a presença de Rubens Ewald Filho. Aos 72 anos, o jornalista e crítico de cinema é figura querida dos realizadores da sétima arte e do público que se aglomera todas as noites em frente ao Palácio dos Festivais para tietar os famosos que passam pelo tapete vermelho. Ao lado de Marcos Santuário e Eva Piwowarski, compõe a curadoria do Festival, cuja tarefa é selecionar os longa-metragens brasileiros e estrangeiros da mostra competitiva.
Frequentador de Gramado desde as primeiras edições do festival, ele se sente feliz em participar do 45º aniversário do evento numa posição dessa importância.
– Vim muito cedo. Acho que no quarto ou quinto eu estava aqui, o que me deixa honrado de estar num cargo importante de procurar filmes e tentar tornar o festival uma festa, antes de qualquer coisa, procurando os melhores filmes disponíveis no mercado. Não é fácil, é bem difícil agradar a todo mundo. É muito difícil você vir a Gramado e não gostar da cidade. É muito encantadora – elogia.
Profissional respeitado, reflete sobre a produção nacional e diz que, apesar de ser um arte, cinema é uma indústria, cujo objetivo é atrair o público às salas de exibição.
– Não adianta fazer um filme chato demais que (as pessoas) nem entram na porta (do cinema). Você precisa encontrar equilíbrio do que quer dizer com uma maneira leve. O que eu diria para os jovens: tentem fazer um filme com um pouco de tudo, um pouco de você, de si próprio, do que você quer dizer, mas também pra quem você está dizendo. Que cazzo de filme você está querendo fazer? E junte os dois. Menos vaidade. Não se ache o grande. Nenhum de nós é grande. Nem você, nem eu.
Referências
Rubens Ewald Filho cita dois filmes que marcaram os 45 anos do Festival de Cinema de Gramado: Toda nudez será castigada (1972), de Arnaldo Jabor, baseado na peça homônima de Nelson Rodrigues, escrita em 1965. O Homem da Capa Preta (1985), de Sérgio Rezende.