"Idosa, eu? Como assim?"
A frase, presente no prólogo de Quase Autobiografia (AGE, 117págs., R$ 30), traduz bem o espírito do sexto livro da escritora Rejane Romani Rech, que tem sessão de autógrafos neste sábado, em Caxias do Sul. Em fins de 2016, às vésperas de completar 60 anos – idade emblemática em que as pessoas começam a ser chamadas de "idosas" –, ela sentia, mais do que nunca, que dentro dela ainda morava "aquela menina curiosa que entrou na escola aos seis anos e que ficou fascinada ao ler a história do Patinho Feio". De bem com a vida e num momento de completo alto-astral, ela começou a ser invadida, outra vez, pela necessidade de escrever.
– Após passar por quatro cirurgias em quatro anos, eu renasci. Estava me sentindo tão bem que achei que devia falar sobre isso – conta Rejane.
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A escrita começou alguns meses antes do aniversário, comemorado em fevereiro. Na ocasião, a escritora estava visitando a filha, em Porto Alegre, e quis colocar no papel a sensação de paz que sentia. Entre outras coisas, percebeu que, pela primeira vez em muito tempo, estava livre da dor – as tais cirurgias, feitas em decorrência da artrite reumatoide, haviam acabado com os sintomas de um problema que a atormentava desde os 22 anos e que a levaram a uma aposentadoria precoce, aos 35. Autora de romances, novelas e contos, viu que era hora de falar um pouco de si:
– Esse livro é diferente, estou nele por inteiro. É um livro que se impôs, que pediu para ser escrito, como disse Clarice (Lispector) certa vez.
Em tom de conversa, de crônica, os textos desvelam uma Rejane que ama a vida, os livros, os filhos. Que se casou aos 19 anos, foi mãe aos 23. Que aos 36, pouco tempo depois de abrir mão do magistério, descobriu a escrita como um novo rumo, e aos 47 – após vencer vários concursos literários – publicou seu primeiro livro, Amor de Estudante, logo adotado em vários colégios.
– Foi uma realização. Parecia que Deus estava me dizendo, "Rejane, eu te tirei das escolas, mas te trouxe de volta a elas".
A reinvenção da Rejane professora como Rejane escritora sintetiza a capacidade de superação da autora. E, principalmente, a força de vontade, elemento que cativa e causa identificação dos leitores de qualquer idade. Tranquila e de bem com seus 60 anos, Rejane só acha estranho quando escuta ou lê algo como "um idoso de 64 anos". E garante: não se sente nem um pouco idosa. O que tem tudo a ver com o "quase" do título do novo lançamento:
– Ainda pretendo viver pelo menos uns 30 anos, então quem sabe aos 90 eu escreva a biografia completa – brinca Rejane, num resumo da alegria de viver que transpira das páginas do livro.
Agende-se
O quê: lançamento do livro Quase Autobiografia, de Rejane Romani Rech.
Quando: neste sábado, às 18h.
Onde: na Do Arco da Velha Livraria e Café (Rua Dr. Montaury, 1.570), em Caxias do Sul.
O livro: editora AGE, 117págs., R$ 30.
Literatura
Rejane Romani Rech autografa neste sábado, em Caxias do Sul, o livro "Quase Autobiografia"
Chegada dos 60 anos e bom momento pessoal foram a inspiração para a escritora caxiense
Maristela Scheuer Deves
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